Subscreva:

Pages

quinta-feira, outubro 20

O Último Judeu


A tarde caiu banhada em um mar de cores infinitas e em meio ao silêncio perturbador.

Como sempre, perdi-me em meus pensamentos. Lembrei das pessoas que se preparam para as festividades, da vida em comunidade... familiares e amigos naquele instante voltados para mais uma celebração.  Então olhei para os lados e tratei de pensar: “Sim... ano que vem será diferente”. Sorri de mim mesmo, sempre falo isso já há alguns anos! Sempre promessas de um ano que vem em casa, em família, no mundo que eu conheci, no meio que me formou.

E volto ao entardecer.


Muitas vezes damos uma importância tão grande ao que temos ou realizamos que esquecemos o mais importante: aquilo que somos. Como diz o Rabino Sternschein, a única coisa que realmente temos – e forma parte de nós – é o que somos.  Então percebo que estar aqui tão distante deles, não vem a ser algo que se constitua grave, uma falha, um desvirtuamento.  Afinal eu sou parte de um todo.

Aonde quer que eu vá ou me estabeleça esse todo e tudo sempre estarão comigo. Mas do que ninguém, sei que cada ação gesto e observação que faço é fruto desse meu mundo tão rico e tão forte. Sinto-me como o navegante que sonhava em singrar os mares desconhecidos de um mundo não mais plano. Uma terra certamente redonda, lhe dando a certeza de que mesmo navegando entre as brumas opacas e mares desconhecidos, voltaria ao mesmo ponto de partida, ao mesmo porto, a sua casa, a sua vida.

E a tarde finalmente cai. O horizonte se cobre de um escuro só suavizado pelo luar que espalha sua fraca luz sobre o mundo que já não é mais o mesmo.

Foto - NatGeo

0 comentários: