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quinta-feira, novembro 8

Os Judeus Na Dinamarca Durante A II Guerra Mundial



A comunidade judaica 1940 a 1943

O destino da comunidade judaica durante a ocupação nazista  foi em grande parte determinado pela postura dos dinamarqueses quanto aos judeus de seu país. Na Dinamarca, eles continuaram a ser cidadãos com plenos direitos. Diferentemente do que ocorrera em outras partes, as autoridades locais não exigiram que eles registrassem propriedades e bens – que jamais foram confiscados – nem foram demitidos de seus empregos, além de não haver qualquer restrição à sua movimentação seja de dia ou de noite.

A recusa do governo em adotar medidas discriminatórias contra os judeus e o apoio aberto do rei Cristiano X à comunidade judaica deram origem a uma história apócrifa: quando os nazistas exigiram que os judeus usassem a Estrela de David em suas roupas, o monarca foi o primeiro a usá-la, sendo seguido por toda a população. Na realidade, jamais foi cogitado que os judeus dinamarqueses usassem a Estrela. Apesar de não ser verdadeira, essa história reflete a firme posição do rei em relação aos judeus de seu reino. Os alemães periodicamente questionavam o status dos judeus dinamarqueses, mas o governo sistematicamente respondia que na Dinamarca não havia nenhum “Problema Judaico”. Os judeus eram cidadãos como todos os demais e como tal seriam tratados.

Os Judeus Na Dinamarca Durante A II Guerra Mundial - 2


Os planos nazistas

Após três anos de ocupação alemã, o número de dinamarqueses que havia engrossado as fileiras do movimento de resistência era cada vez maior. No verão de 1943, a oposição popular desencadeara uma série de atos de resistência, greves, demonstrações e sabotagem. A Alemanha exigiu do governo duras medidas de repressão e a pena de morte para os sabotadores. Mas , o governo dinamarquês decidiu que não cederia às novas exigências e, no dia 29 de agosto, renunciou. Imediatamente os alemães impuseram, em todo o país, a lei marcial e o toque de recolher, prendendo os membros das forças armadas dinamarquesas. Os judeus sabiam que sua situação tornara-se precária.

Até então, Dr. Werner Best, SS-Obergruppenführer, o representante do Reich no país, evitara confrontos no tocante à questão judaica. Nazista de carteirinha e antissemita convicto, sendo, inclusive, responsável por organizar deportações para Auschwitz, Best, que se tornara o governante de fato da Dinamarca, era, acima de tudo, um oportunista.

Em 8 de setembro, ele enviou um telegrama a Berlim delineando seus planos para deportação dos judeus do país e solicitando um navio e que lhe fossem enviados mais homens para executar a operação. Ele tinha consciência de que tal atitude fortaleceria sua posição perante as lideranças do Terceiro Reich, mas sabia, também, que qualquer ação contra os judeus colocaria em risco uma possível colaboração com os dinamarqueses. Na realidade, o que Best queria era o envio de forças adicionais que usaria para lutar contra a Resistência dinamarquesa. Ele sabia que Berlim as enviaria se fossem necessárias para a deportação de judeus.

Para não por em risco futuras negociações com os dinamarqueses decide vazar os planos para uma iminente deportação através de Georg Ferdinand Duckwitz, o adido da missão alemã, que mantinha contato com lideranças social-democratas dinamarquesas.

Os Judeus Na Dinamarca Durante A II Guerra Mundial - 3


Em menos de três semanas, 7.200 judeus e 700 familiares não judeus escaparam para a Suécia em embarcações de pescadores locais. Algumas calamidades aconteceram, mas foram poucas. Na própria Gilleleje, a Gestapo conseguiu capturar cerca de 80 judeus escondidos sob o telhado de uma igreja. A viagem de apenas duas milhas também tinha seus riscos, entre outros, de serem interceptados pelos barcos das patrulhas alemãs.O custo total da operação foi de cerca de 12 milhões de coroas dinamarquesas, sendo que os judeus arcaram com aproximadamente entre 6 e 7 milhões. O restante foi obtido com doações particulares e públicas de dinamarqueses. Cada judeu chegou a pagar em média entre 1.000 a 2.000 kronen, mas alguns chegaram a desembolsar 50 mil kronen, uma verdadeira fortuna.

No total, os nazistas conseguiram prender 464 judeus, dentre os quais, Max Friediger, o rabino-chefe de Copenhague. Mas, a Dinamarca não se esqueceu desses judeus e pressionou os nazistas, conseguindo que fossem deportados para o campo de concentração de Theresienstadt. Por piores que fossem as condições de vida em Theresienstadt, campo de concentração “modelo“ montado pelos alemães para efeitos de propaganda, não era um campo de extermínio. Autoridades dinamarquesas também  conseguiram convencer Eichmann  a manter os judeus da Dinamarca fora dos campos de exterminação. Quase todos sobreviveram, em grande parte graças ao apoio recebido pelo serviço civil dinamarquês e organizações religiosas que lhes enviavam mensalmente mais de 700 pacotes com roupas, comidas e vitaminas. Em junho de 1944, devido à insistência dinamarquesa, membros da Cruz Vermelha e dois representantes dinamarqueses inspecionaram o campo de Theresienstadt para se assegurar das condições de seus compatriotas.

terça-feira, novembro 6

Dinamarca, Um País Justo Entre As Nações



Em setembro de 1943, ao tomar conhecimento de que os nazistas iriam deportar a população judaica, dinamarqueses de todos os escalões da sociedade e de todos os cantos do país, rapidamente uniram esforços e conseguiram salvar 7.200 judeus, praticamente todos os que viviam no país. Nenhum outro povo, em toda a Europa continental, agiu de tal forma. Como os cidadãos coletivamente agiram para salvar toda a comunidade, o Yad Vashem declarou o país, como um todo, Justo entre as Nações.

Os antecedentes

Em abril de 1933, entre os eventos que a comunidade judaica de Copenhague organizara para celebrar o centenário da sinagoga, estava a visita oficial do rei Cristiano X. Entre o dia do envio do convite e o dia em que a visita deveria ser realizada, Hitler sobe ao poder na Alemanha. Apesar de os líderes comunitários sugerirem ao rei que adiasse sua visita, o monarca compareceu. Não iria deixar que a ascensão de Hitler mudasse suas decisões. Este incidente é sintomático da forma como os dinamarqueses iriam agir em relação aos seus concidadãos judeus face à crescente ameaça alemã.

Apesar de estar disposto a ficar do lado de “seus” judeus, o governo, no entanto, estava relutante em abrir suas fronteiras aos judeus alemães que, com a intensificação das perseguições na Alemanha, queriam deixar o país. O governo alegava que esses últimos não podiam ser enquadrados na categoria de “refugiados políticos”. De modo geral, os vistos lhes eram negados e os funcionários do Departamento de Imigração tinham ordens de mandar de volta os que fossem pegos atravessando a fronteira.

domingo, novembro 4

Uma Obra Extraordinária





Alex Levin vem de Kiev, capital da Ucrânia, onde nasceu em 1975. Mais tarde freqüentou a Art Academy, onde se graduou com honras.

Em 1990, Alex Levin imigrou para Israel, onde vive atualmente na cidade de Herzeliya. 
Com um produtivo e agitado calendário, Alex Levin encontra tempo para crescer como artista e estudar novas técnicas com o professor Baruch Elron.

Os principais estilos de pintura são o surrealismo e o realismo. Alex tem uma grande variedade de obras em óleo, acrílico, carvão, lápis e têmpera.

As obras de Alex Levin são admiradas em todo o mundo e foram compradas para inúmeras coleções particulares, empresariais e institucionais nos Estados Unidos da América, Israel, França, Itália, Ucrânia, Suíça e Bélgica. Um jovem artista, ainda na casa dos trinta anos de idade, foi reconhecido diretamente por muitas personalidades influentes, incluindo o ator e produtor Richard Gere, Madonna, Oscar Peterson e o ex-presidente de Israel Ezer Weizman.

quinta-feira, outubro 11

O Turul e a Tricolor – A Volta do Ódio.


Desde os meus primeiros anos aprendi a amar a Hungria como o país dos meus pais, por conseqüência um país meu. A outra metade de minhas origens. E com o passar dos anos, mergulhei em sua história e cultura. Ensaiei as primeiras e duras palavras daquele idioma quase extraterrestre, fartei-me de suas delícias em tardes na mesa da minha avó, ouvia ao cair da noite as fantásticas histórias do herói Árpad e das grandes conquistas daquele povo único no centro de uma Europa eslavo-germânica. No dia em que nas suas terras pisei pela primeira vez, não me senti estranho, sentia-me em casa. Estavam lá, cada praça, cada ponte, cada lembrança de meus avós... estavam também o Danúbio e a Grande Sinagoga. 

Finalmente pensei na firme possibilidade de ali viver. 

As coisas, porém mudam a cada dia. Nem sempre claro, naquilo que julgamos correto... assim, muda também a Hungria. 

terça-feira, julho 3

A Sinagoga Touro



A Sinagoga Touro em Newport, Rhode Island, é de 1763 e é a mais antiga sinagoga dos Estados Unidos em atividade. É também o mais velho edifício de sinagoga em toda a América do Norte  e  único edifício de sinagoga que data do período colonial americano.

A Sinagoga foi projetada pelo arquiteto britânico Peter Harrison, que residia em Rhode Island, e é considerada sua obra mais notável. O interior é flanqueado por uma série de doze colunas de suporte das varandas. As colunas significam as doze tribos de Israel. Cada coluna é esculpida de uma única árvore. Localizado na Rua Touro Street, a Sinagoga Touro continua a ser uma ativa sinagoga ortodoxa. O edifício está orientado para o leste em direção a Jerusalém. A arca que contém a Torah está na parede leste; acima, um mural representando os Dez Mandamentos em hebraico. Foi pintado pelo artista de Newport Benjamin Howland .

A Sinagoga Touro foi construída entre 1759 e 1763 para a congregação Israel Jeshuat  de Newport, sob a liderança de Isaac Touro. A pedra fundamental foi lançada por Aaron Lopez, um comerciante de destaque em Newport envolvido no negócio de fabricação de velas e outros empreendimentos comerciais. A congregação em si remonta a 1658 quando 15 familias judias de origem espanhola e portuguesa chegaram, provavelmente a partir da Índias Ocidentais e se estabeleceram na região. A pequena comunidade reunia-se em casas particulares durante muitas décadas, antes que pudessem dar se dar ao luxo de construir a sinagoga.  Ela foi formalmente inaugurada em 02 dezembro de 1763.

segunda-feira, julho 2

Jodensavanne


Joddensavanne Vila Principal

O antigo território de Jodensavanne e o cemitério em Cassipora são um testemunho único e marcam uma etapa importante na colonização euro-sefardita do continente americano.

Jodensavanne foi no século XVII o maior assentamento judaico no hemisfério ocidental e sua sinagoga, uma imponente construção erguida com tijolos trazidos da Europa e agora em ruínas, é um marco de importância arquitetônica única na América. Não somente pelo fato de ser das mais antigas de todo o continente, mas também por se constituir em um lembrete do pioneirismo no judaísmo americano. 

Jodensavanne foi o primeiro e também único lugar no Novo Mundo, onde os judeus viveram de maneira semi-autônoma, podendo por um largo período de tempo exercer atividades em regime total de liberdade econômica, cultural e religiosa. Judeus fugindo da Inquisição espanhola foram acolhidos no Suriname, primeiro pelos britânicos e mais tarde pelos holandeses, para desenvolver e possuir terra ao longo do rio Suriname. A fim de atrair colonos judeus, o governo colonial ofereceu privilégios especiais, incluindo a liberdade de religião, liberdade de propriedade e o direito à sua própria corte judicial. Os mercadores judeus eram especialmente desejados nas rodas comerciais da época, por seus conhecimentos sobre o comércio internacional e isso facilitou em muito a vida da comunidade. 

História

Os primeiros judeus a se estabelecerem na região chamada Jodensavanne – Savana dos Judeus – data de 1630, porém a origem daqueles homens e mulheres é desconhecida. A primeira menção oficial de colonos judeus chegando ao Suriname de maneira organizada e oficial remonta ao ano de 1650 a partir de Barbados com o aval do Governador-Geral da Índias Ocidentais Inglesas o senhor Francis Willoughby Parham.  Algumas fontes observam que Willoughby convidou a maioria deles para fortalecer a economia da plantação de cana-de-açucar. Os judeus também chegaram para o Suriname a partir do desmantelamento de Pomeroon, que foi a colônia holandesa do Essequibo (hoje, República da Guiana). 

quarta-feira, junho 27

Morrer Jovem


Morrer jovem é muito esquisito. É de uma ironia sem graça. De um espanto em que não cabem argumentos. Morrer jovem é muito estranho. Mesmo porque juventude é coisa relativa, num mundo em que Einstein já não está aqui para explicar.

Morrer jovem é como interromper uma música. É como cortar um filme ao meio, rasgar as páginas de um livro pra não se saber o final. É roubar de cena um ator em seu momento mais fantástico, em seu grande ato, sua cena mais brilhante. Porque morrer jovem é injusto. Injusto com as leis da natureza. Injusto com os que partem. Muito mais injusto com os que ficam. Pois saudade é morte lenta, passo-a-passo, emudecida, olhos cerrados, quase sem respirar.

Quem morre jovem não tem o que dizer. Vai calado, sem dizer palavra, num silêncio intrigante. Não tem quase história pra contar, não tem quase passado, não terá futuro. Quem morre jovem, seja qual for a forma, tem morte súbita. Porque é de repente se morrer jovem. Fica aquela sensação de poder ter feito mais. Poder ter dito mais. Aquela frustração de quem perdeu o jogo de sua vida.

domingo, junho 24

Resgates

Depois de um longo inverno… Outro!
junho 9, 2009 por Aaron
E eu que novamente volto.

Já sem certezas, pois descubro finalmente que toda certeza tem um quê de idiotice. A mesma idiotice de alguns que me fizeram dar um longo tempo nesse tal de mundo cibernético (palavrinha desagradável essa…), no final das contas descobri que punia a mim mesmo. 

Oras bolas, não são os importunados que se retiram?

Ao largar minhas escritas, equiparei-me a eles. Então, essa minha hibernação foi fruto de uma verdadeira avalanche de… idiotices!

Publicado por mim no Moshav Wordpress...

sábado, junho 23

Invictus



Do fundo da noite que me envolve
Escura como o inferno de ponta a ponta
Agradeço a qualquer Deus que seja
Pela minha alma inconquistável

Nas garras do destino
Eu não vacilei nem chorei
Sob as pancadas do acaso
Minha cabeça está sangrenta, mas ereta

Além deste lugar tenebroso
Só se percebe o horror das trevas
E ainda assim, o tempo,
Encontra, e há de encontrar-me, destemido

Não importa quão estreito o portão
Nem quão pesado os ensinamentos
Eu sou o mestre do meu destino
Eu sou o comandante da minha alma.

William Ernest Henley (1849-1903)

sexta-feira, junho 22

Hope - O Diamante da Morte



Encontra-se em Washington D.C, no Instituto Smithsonian, o diamante Hope, uma jóia de valor incalculável. Os seus reflexos azuis tremem de um núcleo frio como o gelo. Parece inofensivo. No entanto, á beleza impassível desta gema fria e brilhante, com inúmeros antecedentes de sangue e paixão, já foram atribuídas mais de 20 mortes.

Durante três séculos, reis e pobres, ladrões e cortesãos, contemplaram a sua opulência - e enlouqueceram.

Segundo a lenda, a primeira das suas vitimas foi um sacerdote hindu que sucumbiu ao seu sortilégio há 500 anos, pouco depois do diamante ter sido extraindo de uma mina no rio kistna, nos Sudeste da Índia. O sacerdote roubou-a da testa de um ídolo num templo indiano, mas foi apanhado e torturado até a morte.

O diamante apareceu na Europa em 1964, nas mãos de um contrabandista francês de nome Jean Batista, que com a sua venda obteu dinheiro suficiente para adquirir titulo e uma grande propriedade , porem o filho endividou-se tanto que Jean Batista teve que voltar á Índia para refazer a sua fortuna, onde encontrou uma morte trágica - foi despedaçado por uma matilha de cães vadios.  

quinta-feira, junho 21

Eu Mesmo...




"Eu não sei o que eu possa parecer para o mundo, mas para mim eu pareço ter sido apenas como um garoto brincando na praia e me divertindo de vez em quando, encontrando uma pedra arredondada ou uma concha mais bonita que as comuns, enquanto o grande oceano da verdade respousa desconhecido perante mim".

Issac Newton

sábado, junho 16

Nada De Lamentações



"A vida não aprecia aqueles que se lamentam. Ela coloca-os de lado.

Ela ama aqueles que a amam."

A. Rubinstein

sábado, junho 9

In Liverpool



Lembro de crescer ouvindo a Suzanne Vega em nossa casa.

Tardes de sol... de chuva. Invernos e verões.

Meus pais são fans dessa cantora de voz suave. E hoje, para me fazer mais próximo de casa, num final de tarde, de um quase inverno chuvoso, ouço baladas antigas.

sexta-feira, junho 8

Bonsai



A arte do bonsai surgiu na China e foi desenvolvida no Oriente, onde é considerada uma expressão da harmonia entre o céu e a terra, o homem e a natureza. Fundamentos espirituais do Bonsai encontram-se na filosofia de vida oriental, fundada no Taoísmo. Cultivar um bonsai requer muito cuidado e atenção, mas como recompensa traz tranqüilidade para a mente, a sensação de estar conectado com a natureza e ainda, realização interior.  Através dele, seu cuidador revive o ritmo das estações, e nutre dentro de si o poder da criatividade que define como ele molda suas árvores.

O “pun-sai” (nome do Bonsai na China), começou  a ser cultivado por monges budistas e taoístas, como uma forma de trazer os elementos e mistérios das florestas, caminhos que percorriam, para o templo. O cultivo das pequenas árvores exigia concentração e colaborava para a prática da meditação. Há inúmeros mitos e lendas em torno do bonsai chinês, com formas trabalhadas para representar paisagens e imagens que remetem a dragões de fogo, aves e serpentes.

Os mestres chineses de hoje fazem uma distinção entre “pun-sai”e “pun-ching”. A palavra “pun-sai” significa uma árvore plantada em um recipiente sem qualquer paisagem, enquanto “pun-ching”, significa uma árvore que está plantada em um recipiente ou em uma bandeja com traços paisagísticos. A palavra “pen-jing” representa ambas as formas de bonsai.

quinta-feira, junho 7

Golem



Este assunto desperta o interesse de muita gente, inclusive crianças, para quem o Beit Chabad já publicou histórias em quadrinhos contando a história do Golem.

O Golem foi criado no ano de 1580 em Praga pelo Rabi Yehuda Loevy, conhecido como o Maharal de Praga.

Yossef, ou Golem, foi criado a partir dos quatro elementos (fogo, terra, água e ar) através do conhecimento cabalístico do Maharal que obteve permissão Divina de recorrer a forças espirituais especiais para criar um ser como o Golem.

Ele era um ser sagrado, sem vida (desprovido de alma), e andava e obedecia a todas as ordens do Maharal. Era extremamente forte, mas não podia se expressar através da fala, pois este dom é privilégio exclusivo das almas Divinas.

Golem foi criado com o objetivo de proteger os judeus que foram ameaçados de extermínio através da intriga de seus inimigos e os salvou poupando muitas vidas. O Golem transformou o pesadelo do extermínio em salvação.

Quando o povo judeu não sofria mais ameaças, sua existência perdeu sentido, pois sua missão já fora cumprida.

Quem visita Praga atualmente poderá entrar na sinagoga do Maharal, local provável onde está enterrado o Golem (dizem que está no sótão), mas a presença de pessoas é vetada neste recinto, porque conforme os relatos, ela perde a própria vida.

Do Chabad.org


Sobrenomes Poloneses

Paul Garfunkel – festa de polacos, 1979

Os Sobrenomes poloneses  nativos, da mesma maneira que sobrenomes de outras nações da Eslovenia (região ao norte da antiga Iugoslavia), podem ser divididos em três grupos principais:

    • Os que esses derivaram de apelidos originais, como nomes de animais, árvores, coisas, profissões,

    • Os que derivaram do nome de registro ou profissão do pai (patronimicos)

    • Os que derivaram de nomes de cidades, aldeias, regiões etc. (toponimicos)

Isto pode parecer simples, mas em muitos casos é quase impossível determinar se um determinado sobrenome é derivado do nome de uma profissão ou do nome da aldeia que tinha esta profissão em sua raiz. Podem ser tratados os sobrenomes derivados de profissões como sócios de qualquer um dos grupos anteriores.

Os idiomas da Eslovenia usam muitos sufixos para formar sobrenomes. Como um exemplo olhemos para a profissão " Kowal " (ferreiro). Considerando que o idioma inglês tem um sobrenome " o Smith ", e o alemão vários deles, Schmitt ", Schmidt " etc. (que só se diferem pela soletração), o idioma polonês pode somar numerosos sufixos (às vezes até mesmo vários no mesmo nome). Então, por parte do sobrenome " Kowal " nós temos Kowalski, Kowalik, Kowalewski, Kowalak, Kowalka, Kowalkowski, e Kowalczyk, para nomear apenas alguns que são freqüentemente mais usado.

quarta-feira, junho 6

O Dia D


O dia 6 de junho de 1944 entrou para a história como o Dia D. Neste dia, os aliados ocidentais iniciaram a ofensiva contra as tropas alemãs no Canal da Mancha.

Durante anos, a decisão por uma grande ofensiva sobre o Canal da Mancha foi motivo de fortes controvérsias entre os aliados ocidentais. Inicialmente, não houve consenso quanto à proposta da União Soviética de abrir uma segunda frente de batalha na Europa Ocidental, a fim de conter as perdas russas nos violentos combates contra as Forças Armadas alemãs.

Somente no final de 1943, decidiu-se em Teerã planejar para a primavera europeia seguinte a chamada Operação Overlord – a maior operação aeronaval da história militar.

Nos meses seguintes, mais de três milhões de soldados norte-americanos, britânicos e canadenses concentraram-se no sul da Inglaterra para atacar os alemães na costa norte da França. Além disso, dez mil aviões, sete mil navios e centenas de tanques anfíbios e outros veículos especiais de guerra foram preparados para a operação.

Operação anunciada pelo rádio

A 6 de junho de 1944, foi anunciada pelo rádio a chegada do Dia D - o Dia da Decisão. A operação ainda havia sido adiada por 24 horas, devido ao mau tempo no Canal da Mancha e, por pouco, não fora suspensa.

Jonas E O Grande Peixe



O capitulo 10 do Midrash Pirkê deRabi Eliezer, assim como o Zohar em Vayachel e também Bereshit Rabá v.5, contam alguns detalhes interessantes sobre o peixe que engoliu o profeta Yonah quando foi lançado ao mar.

O Grande Peixe (דג גדול) que o engoliu já estava preparado desde o sexto dia da Criação. Os olhos do peixe pareciam como "janelas feitas do mais puro e cristalino vidro", por onde Yonah podia ver e apreciar todo o mar. O Midrash continua dizendo que Yonah podia conversar com o peixe e até mesmo dizer para onde queria que o peixe o levasse. No mesmo Midrash, Rabi Tarfon diz que Yonah entrou pela boca do peixe "como um homem entra em uma Grande Sinagoga". Rabi Meir diz que havia dentro da barriga do peixe uma "pedra preciosa" que iluminava Yonah como a luz do meio-dia e permitia-o observar o fundo do mar.

Em nenhum momento do relato Yonah parece ter algum tipo de medo, fome ou preocupação. Durante os 3 dias e 3 noites que ele permaneceu dentro da barriga do peixe, ele não pediu socorro. Em suas orações ele descreve (2: 3-10) todo o tour que ele fez pelo mar dentro do peixe. 3 dias depois Yonah é deixado em terra seca e decide ir para Ninveh (Iraque).

Postado Originalmente: 08 FEVEREIRO 2010
Por: Take Me To Your Rabbi

terça-feira, junho 5

Bairro Coreano Em Jerusalém



Entre a multidão de israelenses e adolescentes americanos nas noites de sábado no calçadão da Rua Bem Yehuda em Jerusalém, um grupo de coreanos cantando hinos chama a atenção.

Um dos sinais mais públicos desta pequena, mas crescente comunidade de sul-coreanos em Israel, muitos dos quais vêm à Terra Santa porque são cristãos evangélicos. Não muito longe da Ben Yehuda, há um restaurante coreano na Rua Shamai e cinco pequenas igrejas coreanas.

"Israel reflete a verdade do Tanach", Yung Doo, um homem coreano com 30 e poucos anos que se mudou para Israel há dois anos com sua família para fazer uma pós-graduação em estudos bíblicos, explica, usando a palavra hebraica para Bíblia. "Esta é a terra de Davi e Saul".

Embora ainda não haja estimativas oficiais, o embaixador da Coréia do Sul em Israel, Ilsoo Kim, estima que existam cerca de 800 coreanos compondo cerca de 300 famílias vivendo em Israel. Este número, segundo ele, vem crescendo nos últimos anos. Eles residem principalmente em torno do Morro Francês e no bairro Pisgat Ze'ev em Jerusalém. "Muitos já vivem aqui há muito tempo", disse Kim. "Isso reflete os seus sentimentos".

A maioria dos coreanos em Israel tem visto de estudante com vários anos de duração. Muitos estudam a Bíblia em universidades israelenses ou na Universidade da Terra Santa, uma escola de pós-graduação cristã, frequentada por asiáticos. Cerca de 30 por cento dos coreanos são cristãos.

Alguns decidem permanecer em Israel. Kim Kyung Ok, 67 anos, é uma coreano-americana que veio de Nova Jersey há três anos com o marido, um pastor, que havia acabado de se aposentar da sua igreja."Não há lugar no mundo como Jerusalém", disse Kyung, que gosta que lhe chamem de Hannah, como a mãe de Samuel na Bíblia, e que pontilha suas conversas com citações da Bíblia.

"Aquele que abençoa os filhos de Abraão será abençoado e quem amaldiçoa Israel, será amaldiçoado", disse ela, citando uma passagem da Bíblia, frequentemente citada por cristãos evangélicos. "O presidente do Irã amaldiçoou Israel. Eu quero ver o que vai acontecer com ele".

Original: Arizona jewish Post
Tradução: By Magal

Mar Oceano



Para além daquelas que hoje se chamam colunas de Hércules, achava-se um grande continente dito Posseidônis ou Atlântis (...) maior que a Ásia e a Líbia tomadas juntas, e dele se podia ir para outras ilhas e destas ilhas novamente para a terra firme que circunda o mar..."

" Apesar de ser uma história estranha é certamente verdadeira."

Platão – Timeu e Crítias


Minha participação no Jornaleco se faz com a publicação do livro Mar Oceano, onde narro as aventuras de um menino curioso que sempre está envolvido em 'aventuras' e delas sempre tira lições.

Mar Oceano é muitas vezes uma viagem, onde navego em sonhos meus, percorrendo como em cartas náuticas um passado muito agradável e deixando sempre vivo o espírito que me moveu e me moldou.

O Mar Oceano não seria possível sem a presença de três grandes homens, meus mestres, mentores e faróis. O Sr. Mathias Schain, meu avô paterno, o Sr. Thomas D Schor, meu avô materno e o meu amado pai Sr. Benjamin Schain. 

Também é peça fundamental para que eu publicasse o Mar Oceano, uma jornalista que me deixa louco as vezes... possuido outras, mas que aprendi a amar imensamente. É a M. R. Karim Blair, minha grande amiga e apoiadora. Serei sempre grato por acreditar em minha pessoa.

Essa é a minha página no Jornaleco: http://www.jornaleco.net/Leco/Index.htm

A ilustração foi criada usando a foto Little boy sitting on palm © Alexander Shalamov.

Jornaleco


Se há algo que tive muito orgulho de participar foi do Jornaleco, que é um jornal ligado a literatura, fundado em 17 de Abril de 2002 na cidade de São Paulo.

Naquele ambiente aprendi muito, cresci e abri a minha mente. Pude dar vazão a meus “recuerdos” e dar vida a alguém que teima em me acompanhar.  Por motivos alheios à razão, deixei de dar continuidade a esse processo de enriquecimento e perdi a chance de subir muitos degraus. Mas tudo tem o seu tempo e ele rege os nossos caminhos.

Então, esse tempo me trás de volta ao Jornaleco. Vejo agora como uma nova oportunidade de retomar o processo, voltar à estrada e exercitar os ensinamentos de meus sábios avós. Crescer é aprender, é agarrar a chance de conhecer, de absorver de quem sabe mais o conhecimento necessário para se ser alguém melhor e mais sábio.

E dessa vez, embarco numa viagem ao lado de grandes colaboradores. Escritores, cronistas de grande capacidade, que colaboram com o Jornaleco a cada mês. Ganharei muito e saberei que estarei sempre muito bem acompanhado.

Anselmo Heidrich
Fátima Silva
Janer Cristaldo
Márcia Denser
Mécia Rodrigues
e
Šwøk

São os colunistas atuais do Jornaleco, a quem me junto com grande orgulho e expectativas!

Clique na imagem para visitar o Jornaleco


segunda-feira, junho 4

Chanceler de Israel Condena Violência Contra Imigrantes


Imigrantes africanos fazem fila para receber comida quente preparada por voluntários em um parque de Tel Aviv

O ministro das Relações Exteriores de Israel, o ultradireitista Avigdor Lieberman, condenou nesta segunda-feira a violência de cunho racista das últimas semanas cometida contra imigrantes subsaarianos e criticou o ministro do Interior, o ultra-ortodoxo Eli Yishai, por suas recentes declarações xenófobas.

"A história judaica nos obriga a ser excepcionalmente cautelosos nesses assuntos", diz o comunicado do ministro das Relações Exteriores, que surpreendeu a imprensa local com sua inabitual moderação.

Geralmente conhecido por suas posturas direitistas no conflito palestino-israelense, Lieberman condenou de forma taxativa os ataques cometidos em várias cidades de Israel contra imigrantes ilegais, entre eles o da madrugada passada em Jerusalém.

Dez imigrantes da Eritreia ficaram feridos na última madrugada por inalação de fumaça quando um incêndio criminoso atingiu sua casa no centro de Jerusalém, e dois tiveram de ser hospitalizados, confirmou à Agência Efe um porta-voz da polícia.

O jornal "Yedioth Ahronoth" informou que os agressores tinham escrito na parede os dizeres "Vão embora de nosso bairro".

"Não há justificativa para um crime abominável que põe em perigo a vida de pessoas", indica a nota de imprensa da Chancelaria israelense. "Ninguém tem o direito de violar a lei e recorrer à violência contra outros nem pôr em perigo suas vidas".

Horas antes, em uma conferência na cidade de Eilat, o ministro tinha criticado as duras declarações do ministro de Interior, que disse que Israel pertence ao "homem branco" e definiu os cerca de 60 mil imigrantes subsaarianos que vivem em Israel como "trabalhadores migratórios", em contraposição com a definição de "refugiados" defendida por grupos de direitos humanos.

Para o ministro israelense de Exteriores, declarações como as de Yishai "nos fazem retroceder seis meses" nas negociações com os países de origem para que os aceitem outra vez, informa o site do jornal "Ha''aretz".

"Todos esses falatórios não solucionam problemas. Tivemos avanços significativos nas conversas com seus países de origem (dos imigrantes) e, infelizmente, nas duas últimas semanas, todos os nossos esforços foram apagados", lamentou o chanceler.

EFE - Agência EFE - Todos os direitos reservados.

domingo, junho 3

Onde Estão Os Cristãos?



Bento 16 é um diplomata: na sua mensagem de Páscoa, o papa apelou ao fim dos confrontos na Síria. E, com cautelas mil, teve ainda uma palavra de preocupação pelos cristãos do mundo inteiro, que sofrem pela sua fé e são perseguidos pelas autoridades locais.

O papa fez bem em levantar o véu. Mas um leitor interessado nos pormenores sórdidos da vaga anti-cristã --nomes, números, crimes etc.-- deve ler a edição pascal da revista "The Spectator". Que, dessa vez, dedica uma especial atenção aos cristãos do Oriente Médio. Primeira conclusão: os cristãos da zona não estão a gostar da "primavera árabe".

Pelo contrário: para muitos deles, a primavera virou inverno e a sobrevivência deixou de ser uma certeza. Conta a "Spectator": nos inícios do século 20, os cristãos árabes representavam 20% da população total. Hoje, andam pelos 5%.

Existem casos para todos os gostos. No Iraque, por exemplo, a invasão americana de 2003 encontrou uma comunidade robusta de 1,4 milhões de cristãos. Passaram-se quase dez anos --e, em dez anos, aconteceu de tudo: a destruição de igrejas (70); a morte de fiéis (cerca de 1000); e a fuga de 800 a 900 mil do país. Hoje, dos 1,4 milhões iniciais, restarão uns 400 mil.

sábado, junho 2

Theodor Herzl



Theodor Herzl nasceu em Budapeste, 2 de Maio de 1860 — Edlach, 3 de Julho de 1904, foi um jornalista judeu austríaco que se tornou fundador do moderno Sionismo político. Seu nome em hebraico era Benjamin Ze'ev (בנימין זאב).

A primeira escola de Herzl foi uma escola primária judaica. Aos 10 anos foi enviado a uma escola real, mas saiu dessa escola por conta do anti-semitismo. Depois foi matriculado num colégio evangélico, onde a maioria dos alunos eram judeus e, por isso, não existiam problemas com o anti-semitismo.

Em 1878 sua família se mudou para Viena.

Apesar de ser formado em Direito ele se dedicava mais ao jornalismo e à literatura.

Ao invés de procurar um emprego fixo, começou a viajar e escrever para jornais.
Na sua juventude freqüentou uma associação, chamada Burschenschaft, que aspirava à Unificação alemã, sob o lema: Honra, Liberdade, Pátria. Herzl era um judeu assimilado.

Em 1894 ele interferiu no Caso Dreyfus, que desvelou na Europa o latente anti-semitismo.

Em 1895 ele escreveu "O Estado Judeu". A principal idéia do livro era que a melhor maneira de formar um estado judeu era formar um congresso sionista formado apenas por judeus. Da idéia partiu para a prática e, pouco tempo depois, já havia formado o "Sionismo Político". No dia 29 de agosto de 1897 foi realizado o primeiro congresso sionista desde a diáspora, na Basiléia. Durante o congresso foi criada a Organização Sionista Mundial,e Herzl foi eleito seu presidente.

sexta-feira, junho 1

Do Magyar Posta



Relendo velhos textos, encontrei algumas respostas para fatos vivido nesses dias de hoje.

São textos do blog Magyar Posta, que mantive por dois anos.

Do Magyar Posta:

"O nosso maior erro consiste em tentarmos colher de cada pessoa em particular as virtudes que elas não têm, e de nos esquecermos de cultivar as que de fato são suas.

Me pego cheio de frustações exatamente por não receber resultados baseados em minhas falsas visões daqueles que me rodeiam. A culpa é toda minha. Quero de cada um aquilo que não podem dar, já que não são aquilo que projeto. Com isso, acabei vendo que muito trabalho, analisado com base no ser real, pode ser até melhor que um suposto trabalho feito ao modo do meu olhar.

A todo modo, começo a achar que boa parte das coisas ruins aqui surgidas, se deram pelo simples fato dos outros tentarem corresponder à minha visão deles. De produzirem trabalhos completamente fora de seus curso natural.

Penitencio-me... Muito do ruim se deu por minha própria culpa.

Preciso mudar isso."

quinta-feira, maio 31

Meu Amor Marinheiro


Tenho ciúmes, das verdes ondas do mar
Que teimam em querer beijar teu corpo erguido às marés.

Tenho ciúmes do vento que me atraiçoa
Que vem beijar-te na proa e foge pelo convés.

Tenho ciúmes do luar da lua cheia
Que no teu corpo se enleia, para contigo ir bailar

Tenho ciúmes das ondas que se levantam
E das sereias que cantam, que cantam p'ra te encantar.

Ó meu "amor marinheiro"
Amor dos meus anelos, não deixes que à noite a lua roube a cor aos teus cabelos

Não olhes para as estrelas. Porque elas podem roubar o verde que há nos teus olhos.
Teus olhos, da côr do mar.



Um grande presente na tarde de hoje, de minha estimada amiga Maria Esteves, desde O Porto!

sexta-feira, maio 25

Israel Vira Terra De Exílio Dos Refugiados Da Africa


É uma rua reservada para pedestres, imprensada entre as duas estações rodoviárias de Tel-Aviv. Agências de câmbio, lanchonetes que vendem "shawarma" (sanduíches típicos à base de carne), cabeleireiros especializados nos cortes de tipo "afro", e lojas de equipamentos de telefonia estão enfileirados numa extensão de 300 metros de asfalto em mau estado, numa rua coberta por embalagens gordurosas jogadas ali pelos usuários. Nesta área, não há nenhum surfista estilizado, e tampouco qualquer jovem executivo apressado. Invadido pela cacofonia das buzinas e pelos gases de escapamento dos microônibus, o bairro de Neve Sha'anan há muito foi desertado pela fauna antenada de Tel-Aviv. Aqui, vivem aqueles que foram deixados para trás pelo crescimento econômico israelense, os marginais de toda laia. E, num movimento que vem ocorrendo há um ano, também moram aqui milhares de refugiados, oriundos em sua maioria do Sudão e da Eritréia, os quais conferem a este lugar uma aura improvável de "Little Africa" (Pequena África).

Ismail Ahmed é um desses imigrantes recém-chegados. Este pai de família bonachão que aparenta ter 40 anos é um sobrevivente dos massacres do Darfur. Ele abriu no início de abril um pequeno cibercafé. Nele, as crianças sudanesas costumam reunir-se para intermináveis partidas de videogames on-line. À noite, Ismail dá aulas de inglês e de informática para os seus pais. À medida que ele vai sendo bem-sucedido, Ismail se prepara para renovar seu parque de computadores. Na vitrine do café, ele dependurou uma grinalda de bandeiras cunhadas com a estrela de Davi. Ele assim fez para expressar o seu profundo reconhecimento pelo seu país de adoção. As bandeirinhas são as testemunhas do percurso inesperado que ele efetuou no espaço de um ano.

Foi no dia 1º de julho de 2007 que Ismail pisou pela primeira vez o solo de Israel, junto com a sua mulher Halima e seus quatro filhos. "Faltavam quinze para as 11h da manhã, precisamente", diz. Após uma caminhada extenuante de sete horas pelo deserto do Sinai, a família havia conseguido enganar a vigilância das tropas egípcias e encontrar um caminho para transpor a cerca de arame-farpado que marca a fronteira com o Estado judaico. "Nós empreendemos a viagem a partir do Cairo, amontoados na traseira da picape do nosso passador beduíno; todos nós tínhamos um cobertor sobre a cabeça", conta Ismail. Após terem descansado durante 24 horas num acampamento a pouca distância da fronteira, e após terem enfrentado uma derradeira caminhada por uma trilha de cascalho, os refugiados avistam finalmente o alvo que tanto almejavam.

quinta-feira, maio 24

Adolpho Bloch


Toda trajetória de um dos maiores empresários que o nosso país já teve iniciou-se no dia 8 de outubro de 1908 em Jitomir, uma bela cidade russa banhada por seis rios e com uma população estimada naquela época em aproximadamente 100 mil habitantes. Naquele exato dia nascia Adolpho Bloch.

Em sua infância, Adolpho já convivia com as atividades comerciais. Sua família possuía uma litotipografia e uma fábrica de gelo em sua própria residência, inclusive a companhia de um tabelião, o qual o próprio Bloch devia muito a ele em sua maneira de ser. Mas a sua convivência não se restringia apenas aos serviços profissionais de sua família. Aos nove anos, Adolpho Bloch foi testemunha ocular da Revolução Russa, assistindo às diversas guerras, ao medo e ao pavor, razões levaram o então menino a se transformar em um adulto ainda naquela idade. Com o tratado de Brest-Litovsk, assinalando a paz entre a Rússia e a Alemanha, mais de dez milhões de soldados voltavam desordenadamente do front. Os habitantes de Jitomir, inclusive a família Bloch, foram brindadas com vários progroms promovidos pelo General Petliúra.

O primeiro pogrom do General Petliúra começou logo após a sua chegada a Jitomir, à frente de seu exército de cossacos, tão belos no palco, mas tão ferozes na vida real. A violência contra os judeus foi inaudita. A matança foi geral. Eram oito pessoas na sala da residência da família Bloch quando os cossacos surgiram, desembainhando seus sabres e exigindo ouro, jóias e objetos de valor como resgate da vida daqueles que se encontravam naquela sala. A mãe de Adolpho tinha apenas 45 anos de idade naquela ocasião e já estava preparada para a situação, entregando aos cossacos um porta-jóias. Ninguém foi massacrado naquele instante e local, onde o pequeno Adolpho quase não podia respirar de tanto ódio. E pensava: "se eu pudesse fazer faltar o ar, por um minuto que fosse, os cossacos morreriam e pagariam caro a violência que cometiam".

quarta-feira, maio 23

Adolpho Bloch - 2


Um impressor da oficina dos Blochs tinha um filho que era maquinista do trem que ia para Bieloie-Tserkvi. Ele se mostrou disposto a levar uma outra irmã de Adolpho, chamada Sabina, até lá a fim de trazer seis sacos de trigo. Tiraram as cortinas italianas do apartamento para fazer os sacos. Sabina sentou-se junto ao maquinista, na locomotiva que era a carvão. O trem apitava a cada dez minutos anunciando a partida, mas não saía do lugar. No fim de seis dias, ela finalmente recebeu a notícia de que o trem não ia partir. Voltou para casa com a cara suja de carvão, sem os sacos que lhe foram roubados e com os rins afetados, pois durante os seis dias ela não podia ir ao banheiro com medo de perder a viagem.

Os Blochs desceram na estação anterior à Odessa e foram em frente, até o rio Dniester, em um local onde havia grandes plantações de milho. E lá acamparam esperando o momento propício para atravessar o rio e atingir a Bessarábia. Em uma noite de luar ouviram cerrado tiroteio. Souberam depois que várias famílias que desejavam atravessar o rio haviam sido fuziladas. Veio um mensageiro que os alertaram do perigo. Deviam esperar uma noite de lua nova para tentar a travessia. Isso levaria muitos dias. A sede era horrível, embora a água estivesse a menos de 200 metros. Bebiam gotas, quando podiam.

Finalmente, atravessaram o rio Dniester em uma noite muito escura. Do outro lado os esperavam carroças de palha de milho. Homens barbados e experimentados, vestidos com camisas ucranianas bordadas no peito e nos pulsos, arrumaram-os na parte da frente das carroças, junto aos cavalos, em grupos de três ou quatro pessoas. Na fronteira, os guardas enfiavam enormes garfos na palha. Adolpho ouvia o barulho do ferro na palha mas estava longe, no outro canto da carroça. E assim chegaram a Dobreven, já na Bessárbia. Sairam felizes, com restos de palha nos cabelos e nas roupas. Entraram em um casebre pequeno, onde o chão era de terra batida. Foi ali que Adolpho conheceu a aramatchka iv joper lhubit lest, flor típica da região. E provaram um prato inesquecível, típico da Romênia: o mameligue (angu de fubá). Consagrou-se como um dos pratos mais deliciosos já comido por Adolpho Bloch, pois para ele representava o prato da liberdade. Ali permaneceram uns dias e depois rumaram para o porto de Galátz. Ficaram em um hotel perto do cais. Adolpho gostava de ver as enormes barricas de arenque que exportavam. Aquele região era muito rica.

terça-feira, maio 22

Adolpho Bloch - 3


Saindo de Gênova, um dia depois chegaram a Barcelona. Todos os passageiros podiam descer a terra, menos os de terceira classe. De lá, rumaram para Dancar. Foi a primeira vez que viu negros. Eram crianças simpáticas, falando francês. Os passageiros jogavam moedinhas na água e os garotos mergulhavam para apanhá-las, um espetáculo habitual que fazia parte das distrações da viagem.

Chegando ao Brasil, no início de 1922, a família Bloch instalava-se na cidade do Rio de Janeiro. De bagagem, trouxeram a saúde. Como riqueza, um pilão. Foram morar no Andaraí-Leolpoldo. Achava a cidade muito interessante. Vendia-se tudo na rua: peixeiros com suas varas apoiadas nos ombros, levando as grandes caçambas onde o peixe parecia ter saído naquele instante do mar. O dono do armazém logo oferecia o seu caderno de fiado (sem correção monetária) e as amostras de excelentes sardinhas Vasco da Gama, bacalhau, manteiga, era uma vida diferente. O padeiro, o homem do botequim, todos queriam ajudar. Só se pagava no fim do mês. Isso cativou os Blochs para sempre.

O Brasil se preparava para comemorar o Centenário da Independência e Adolpho freqüentava a Escola Francisco Cabrita, na Rua Major Ávila, perto da Praça Saenz Peña. A professoara chamava-se Carmem, achava-me muito grande e sabido para freqüentar aquela turma. Mal ela sabia que ele estava apaixonado por ela. E em muitas noites ela lhe vinha em sonhos.

Foram depois para a Rua Conselheiro Costa Pereira, 45, nos fundos da Fábrica de Tecidos Corcovado. Em frente passava um canal. A casa tinha uma sala e dois quartos pequenos. No verão, os Blochs costumavam dormir de janelas abertas. Eram, então 10 pessoas e uma empregada mineira, chamada Aurora, uma alma nobre. Obrigava-os a contar para ela os nossos sonhos para fazer sua fé no bicho. Jogando 200 réis ela podia ganhar 1.400. com isso ela fazia a feira, depois do meio-dia, omprando as xepas. À noite, o guarda-noturno apitava, apitava e uma de suas irmãs ia à janela e convidava-o a verificar o que podia ser roubado da casa onde viviam. O guarda ficou amigo da família e às vezes trazia coisas para alegrar o jantar. Ele os ensinou a usar luz sem pagar à Light. Bastava uma moeda de 400 réia que se colocava no lugar do fusível. De dia, retiravam a moeda. Para o fiscal da Light, diziam que quando tivessem dinheiro mandariam ligar a luz de novo. O problema eram as lâmpadas. Muitas vezes tiveram que trocar a lâmpada de um cômodo para outro, porque não tinham condições de ter três lâmpadas. Era luxo demais.

Adolpho Bloch - 4


Na Rua Dona Zulmira, que ficava perto, as batalhas de confete encantavam Adolpho Bloch. Cadeiras na calçada, luzes, as famílias ofereciam croquetes e empadinhas a todos, era uma festa para os olhos, o estômago e o coração. Já com a pequena renda da gráfica e participando da alegria geral, a família Bloch era muito feliz. Ao longo de sua permanência no Brasil, juntavam dinheiro para comprar as passagens que os levariam para os Estados Unidos. Mas a alegria de viver no Brasil foi tomando conta dos Blochs. Um dia, o dinheiro reservado para as passagens serviu para comprar o primeiro Ford Bigode da familia, no Mestre-Blatgé. E assim podiam participar das batalhas de confete e, durante o carnaval, do corso da cidade, que ia da Avenida até o Mourisco, no final de Botafogo. Sua irmã Sabrina casou-se. Depois foi a vez de Fanny. Casou-se com um homem muito bem de vida, pois tinha uma bicicleta para ir trabalhar. Levava-os uma vez por semana à Exposição do Centenário do Brasil, entrando pelos fundos da Rua da Misericórdia. Meses depois, descobriram que ele só os levava nos dias de entrada franca.

Foi lendo o jornal do bonde que Adolpho Bloch ia aprendendo o português. Só se falava no escândalo do colar oferecido pela Associação Comercial ao Presidente Epitácio Pessoa, que havia promovido as festas comemorativas do Centenário. Adolpho se perguntava: "Mas por quê? É a festa mais bonita que vi em minha vida e todos os jornais só falam no escândalo!".

Começou a freqüentar as redações dos jornais, em busca de encomendas. Em A Vanguarda, que bem mais tarde, com outro proprietário, seria um jornal integralista e anti-semita, tornou-se amigo de seus diretores Ozéas Serôa da Mota e Mazzini. A sua rotativa era em frente à Rua do Rosário, 170. Um dia apareceu um didadão português, chamado Oliveira, trazendo uma amostra de papel de seda para servir de invólucro de laranjas. Mazzini perguntou a Adolpho se ele seria capaz de imprimir aquilo. Adolpho ficou de estudar o assunto e conseguiu fabricar o papel de 18 gramas na Fábrica de Papel Companhia Mecânica de São Paulo. E comprou máquinas para imprimir naquele papel o mapa do Brasil. E assim pôde atender à freguesia dos exportadores de laranja: Alberto Coccoza, Karl Fisher, Oliveira & Irmãos e outros. Em menos de seis meses, tinham dinheiro para a primeira casa, na Rua 5 de Julho, 32, agora 82, em Copacabana. Foi construído pela Freire & Sodré e nela gastaram 180 contos de réis.

segunda-feira, maio 21

Adolpho Bloch - 5


Naquele mesmo ano, inaugurava-se a TV Tupi do Rio de Janeiro. A Rádio Nacional ainda era o principal veículo de comunicação do país. Foi nesse qudro que a Manchete surgia em abril de 1952. No início dos anos 50 foram lançadas grandes revistas em todo o mundo e Adolpho as acompanhava de perto. Costumava dizer que o princípio da ficliidade consiste em se trabalhar naquilo que se gosta - e ele gostava de trabalhar naquele ramo. O primeiro número da revista não o agradou, fazendo com que ele mesmo lutasse pelo seu melhoramento. Só começou a compreender um pouco do jornalismo quando do suicídio de Getúlio Vargas, em 1954. A capa já estava impressa, era do Brigadeiro Eduardo Gomes, tradicional adversário do presidente. Na manhã de 24 de agosto, uma terça-feira, quando Lourival Fontes telefonou para Adolpho para informá-lo sobre o suicídio, este teve de imprimir nova capa com o Presidente Vargas. À tarde, a edição foi para as ruas e à noite já estava esgotada. No ano seguinte, outra lição: Carmem Miranda morrera nos Estados Unidos e viria a ser sepultada no Brasil. O enterro foi em um sábado, com grande acompanhamento e muita emoção popular. Não podia haver dúvida: a capa da semana seria ela. Aconteceu que, no domingo à tarde, a boate Vogue pegou fogo. Dois homens, em desespero, atiraram-se do prédio onde funcionava a boate. A tragédia abalou o Rio e Adolpho teve que mudar a capa, trocando o enterro da Carmem Miranda pelo incêndio da Vogue. A edição se esgotou no mesmo dia.

Para reforçar cada vez mais o andamento de sua revista, Adolpho Bloch fez contratos com agências de fotografias no exterior e teve a oportunidade de cobrir os fatos mundiais. A qualidade do material fotográfico da própria Manchete deu muita vida à revista, que passou a ser conhecida internacionalmente. Nessa altura, o Parque Gráfico de Parada de Lucas ficara pronto e assim melhorariam a qualidade gráfica, aumentando, assim, a produção do semanário.

Depois da morte de Vargas, vieram as crises políticas de 1955. Havia muito assunto em todos os setores e as vendas aumentavam a cada semana. O ex-governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek, foi eleito presidente da República. Adolpho Bloch tinha muita simpatia por ele, mas não o conhecia ainda bem.

domingo, maio 20

Adolpho Bloch - 6


Em 1965, com o edifício já erguido mas não acabado, o Mauro Salles o pediu para ali fazer o lançamento do AeroWillys, pois a festa seria muito importante para a sua nova agência de publicidade. Bloch preparou o hall, que ainda estava em concreto. A porta era de tábuas, mas a decoração foi tão luxuosa que começaram a lhe chamar de Cecil B. DeMille. Mauro e Luiz Salles, seus grandes amigos, sempre se lembram desse lançamento que marcou época no Rio e foi o início da ascensão de suas carreiras profissionais.

Bloch mudou-se para a Praia do Russell em novembro de 1968. Na galeria do segundo andar, inaugurou o Museu de Arte Brasileira com quadros e esculturas dos melhores artistas nacionais. O museu serve de foyer para o teatro que hoje leva o seu nome e que foi inaugurado com a peça O Homem de La Mancha, com Bibi Ferreira, Paulo Autran e Grande Otelo, sob direção de Flávio Rangel. Foi um sucesso absoluto. Na matinê da primeira quinta-feira, como de hábito, a platéia era constituída de senhoras.

Caiu forte temporal na cidade e não havia condução para elas. Bloch mandou preparar sanduíches, serviu refrigerantes e providenciou carros que as levassem até em casa. Para ele, nunca foi visto pessoas tão gratas a um empresário teatral.

Bloch gostava tanto da peça que todas as quintas-feiras fazia gazeta e ia assistir à matinê. Aprendeu algumas falas e decorou a canção principal da peça. Certa vez, reparou em um caco de Grande Otelo. Em uma das cenas em que os mouros roubam tudo, o pobre Sancho Pança fica sem nada e ele disse para o público: "Além de ser Furtado, sou obrigado a ficar Callado!" Com esse inesperado caco ele homenageava dois amigos que estavam na platéia: o ex-Ministro Celso Furtado e o escritor Antônio Callado.

Adolpho Bloch - 7


Ele tinha a certeza de que JK era um grande homem e que seu lugar na história estava garantido. Adolpho editou suas memórias, apesar das muitas dificuldades que o governo de então colocou no projeto por ambos criado. Foram publicados os três volumes de suas memórias (A Experiência da Humildade, A Escalada Política e 50 anos em 5, além de um resumo dos três com o título Por Que Construí Brasília.). Posteriormente, Carlos Heitor Cony completou a série com JK - Memorial do Exílio. O governo liberaria a venda dos livros bem mais tarde. Assim, JK não viu a publicação dos dois últimos livros de suas memórias.

Ele freqüentava diariamente a redação de Manchete. Um dos editores, sabendo que ele estava a par de tudo o que se publicava, pediu-lhe que escrevesse resenhas de livros, garantindo-lhe um cachê de 100 cruzeiros a lauda. Ele aceitou o encargo, mas recusou o pagamento. O editor garantiu-lhe que, se não recebesse, a colaboração dele seria suspensa. E, assim, os últimos cachês que JK recebeu foram os de colaborador de Manchete. Assinou críticas de livros sobre economia, sobre ensaios e romances. Era com alegria que ele próprio juntava os recortes de suas colaborações.

Certa vez, Adolpho Bloch procurara o Dr. Israel Pinheiro, presidente da Novacap, dizendo-lhe que faria toda a propaganda de Brasília sem qualquer interesse comercial. À mesma época, a revista O Cruzeiro só publicava matérias pagas sobre a construção da nova capital. Dizia Bloch que desejava pagar ao governo o privilégio de divulgar a epopéia que estava se realizando no Brasil Central.

Em 1958, acompanhado de seu Dirceu do Nascimento, Adolpho Bloch foi procurar o Coronel Affonso Heliodoro, que lhe fez a entrega de numerosas fotografias da construção da cidade. Com elas, foi editada um número especial de Manchete, que esgotou 200 mil exemplares em apenas 24 horas.

A televisão ainda engatinhava e Bloch pensava: "Quantas pessoas estão sabendo o que se passa no coração do Brasil? 50, 100, 150 mil? E o restante dos 75 milhões de habitantes? (a população total do Brasil da época). Foi assim que Brasília e manchete cresceram juntas. Aquela meta, que o próprio JK denominava meta-síntese, fez a indústria de São Paulo funcionar a todo vapor. Os imensos canteiros de obras que se abriam em todos os estados ofereciam mercado de trabalho a todos e todos prosperaram.

sábado, maio 19

Adolpho Bloch - 8

Em sua juventude, Adolpho Bloch leu muito sobre o Caso Dreyfus. Quando lhe perguntam por que abraçou a causa do Presidente JK, costumava responder com o caso Dreyfus. É a história de uma injustiça. Para Bloch, que era judeu, estava habituado a sofrê-la. Por isso mesmo lembrava um caso. Em 1981, estava em Nova Iorque com Zevi Ghivelder. Bloch ia receber uma homenagem do American Jewish Committee. Ao entrarem em um táxi, o motorista lhes transmitiu a notícia que acabara de ouvir no rádio: o Papa João Paulo II sofrera um atentado em Roma e estava em grave perigo de vida. Zevi e Bloch não trocaram uma palavra. Ficaram mudos. Nada falaram, mas pensaram a mesma coisa: e se um judeu maluco fose o autor do atentado? Só respiraram, aliviados, quando souberam que o criminoso era um turco. O final da história é que tudo terminou bem, o Papa goza de boa saúde e, na cerimônia do lava-pés, na Quinta-Feira Santa, lavou os pés de seu quase assassino.

Foi nessa mesma estada em Nova Iorque que, durante uma reunião do American Jewish Committee, foi procurado pelo senhor Norman Alexander, que se apresentou como diretor da Rutherford Company. Bloch conheceu a firma, que estava fabricando máquinas para imprimir latas de alumínio sem costura para bebidas. Era então uma novidade, pois as latas que usavam no Brasil eram de folha-de-flandres e tinham costura. Conhecia a técnica e achou que seria um grande negócio investir no setor. Contudo, não quis fechar o contrato na hora. Disse que regressaria ao Brasil e depois voltariam a falar no assunto.
Quando aqui chegou, encontrou o projeto da televisão bastante adiantado. Ele não estava a par de quase nada. Era grato ao Presidente João Figueiredo, que lhes concedeu os cinco canais depois da necessária licitação pública. Dois anos antes, ele estivera na Itália e adquirira uma Cerutti de última geração, uma rotativa fabulosa, capaz de imprimir 42 mil exemplares por hora a quatro cores.

Pessoalmente, ele preferiria continuar investindo na editora, visitando exposições de maquinas gráficas, de livros, revistas e, com o tempo, concretizando o projeto de fabricar latas de alumínio, uma novidade no mercado brasileiro. Possuía em Água Grande instalações de 30 mil metros quadrados para a nova indústria, cujo ramo é parecido com aquele que sempre foi dele. Para isso, ele tinha recursos mais do que suficientes. Para iniciar a televisão, entre outros projetos, ele tinha de comprar de uma só vez 12 milhões de dólares em filmes que poderiam ser transmitidos apenas três vezes no espaço de dois anos. E em dois anos, os 12 milhões de dólares viraram fumaça.

Relutou consigo mesmo e custou-lhe a idéia da televisão. Mas quando aderiu, e seguindo o seu temperamento, foi para valer. Seu sobrinho Jaquito seguiu para os Estados Unidos e para o Japão, trazendo os equipamentos mais modernos. Aqui, com a sua equipe, começaram a viabilizar o projeto. Tinham cinco canais (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza), que estiveram acrescidas de dezenas de afiliadas que cobriam todo o território nacional.

O Órfao Vivo

Recordar os anos da minha juventude na União Soviética no início do Século Vinte traz de volta lembranças esparsas e imagens complicadas. Dentre elas, porém, há alguns quadros completos que estão gravados profundamente em minha mente.

Lembro-me daquela longa noite fria, quando acordei com o som de soluços. Mamãe estava de pé, chorando histericamente, enquanto abanava as mãos no ar. Papai estava de pé, meio vestido, completamente apavorado.

Três jovens vestidos em uniforme estavam andando pelo quarto, examinando os armários e as camas, olhando para as paredes. Vi quando se aproximaram da estante e examinaram cada livro, página por página.

Perguntei-me: O que estão procurando? O que estão procurando? O que eles querem? Vão se sentar e estudar nos livros como fazem mamãe e papai?

E então vi que tinham encontrado aquilo que estavam procurando. Acharam alguns pedaços de papel escritos à mão e uma foto do Rebe de Lubavitch [Rabi Yosef Yitschak Schneersohn, o sexto Rebe – N.E.].

Um apontou para o outro: “Está vendo? Este é Schneersohn!”
Ordenaram então que Papai se vestisse e os acompanhasse. Papai aproximou-se da minha cama, inclinou-se e deu-me um beijo longo, triste. Lágrimas – lágrimas quentes, escaldantes, rolaram pelo seu rosto e caíram na minha testa. Ele então olhou ardentemente para mamãe, com amor nos olhos. Beijou a mezuzá sobre o batente e desapareceu na noite escura.

Somente quando a porta se fechou foi que a minha mente infantil entendeu o quanto era grande a nossa tragédia.

Mamãe começou a chorar: “Oy vey!”

quinta-feira, maio 17

As Pedras No Cemitério



Desci do ônibus na rodoviária de Leicester e olhei para os táxis ali parados.

Minha velha cidade de Leicester não é mais a mesma. Agora é uma cidade assolada pelo crime, e eu estava me sentindo pouco à vontade.

Não disse a ele que desejava ir para o setor judaico. “Antes segura que arrependida”, sempre fora o meu lema.Entrei no táxi e pedi que me levasse ao principal cemitério de Leicester, não muito distante dali.

Por algum motivo nossa seção jamais tinha sido sinalizada, mesmo antes que a nova onda de antissemitismo surgisse. Talvez se presumisse que numa comunidade tão pequena todos soubessem onde era o cemitério sem precisar de informação. Atualmente o website da sinagoga tem um mapa bastante claro que pode ser consultado, dirigindo os visitantes de fora da cidade para o canto separado. Eu apenas disse ao motorista para estacionar o carro ao longo do caminho bem cuidado e esperar – eu demoraria cerca de meia hora, disse a ele, pois estaria visitando túmulos da família.

Enquanto percorria a trilha que levava ao setor judaico, sentia-me perfeitamente à vontade. O local não era estranho para mim. Fazia essa jornada pelo menos uma vez ao ano, quando venho de Jerusalém para visitar minha mãe em Londres.

quarta-feira, maio 16

Carta Para Alguém Que Perdi


Querida Filha,

Lembro-me de segurar você tão pequenina nos meus braços, olhando em seus profundos olhos verde esmeralda. Aqueles olhos eram profundos e brilhavam, antes de se fecharem para sempre.

Eu amei você, cuidei de você, noite e dia. Investi em você, e observei-a crescer à medida que os meses passavam.

Então, certa noite, após alimentá-la às cinco horas, coloquei você no berço pela última vez. Beijei-a e a cobri, e deixei a porta aberta para poder ouvir quando você me chamasse com seu chorinho.

Três horas depois, quando Tatty, seu pai, foi ver por que você tinha nos dado uma dose extra de sono, encontrou você fria. Morte no berço, é assim que chamam. Morte no berço...

Tentamos reanimá-la, fizemos de tudo para o seu pequenino ser. Demos choque em você e a medicamos, tudo, para que pudéssemos ter você conosco novamente, mas você já tinha ido embora para longe.

Sei que quando ficamos sobre o seu corpinho, esperando, esperando que algo acontecesse, você já estava envolta em uma luz intensa.

Estou contente por você. Sinto sua falta. Eu trouxe você ao mundo para ficar comigo, mas você teve de voltar para casa. Sei que é bom para você. Mas mesmo assim, meus braços estão vazios, e sinto e lembro de você com profunda saudade.

Você era minha filha.

terça-feira, maio 15

Amar




Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer, amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho,
e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor à procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor,
e na secura nossa, amar a água implícita,
e o beijo tácito, e a sede infinita.

Carlos Drummond de Andrade

When You're Gone


 The Cranberries performing When You're Gone. (C) 1996 The Island Def Jam Music Group

Eu Sou O Último Judeu



Muito já foi escrito e filmado sobre a 2ª Guerra Mundial e o Holocausto. Mesmo assim, vez por outra, aparece algo novo. No caso, refiro-me ao livro "Eu Sou o Último Judeu: Treblinka, 1942-1943", publicado pela Zahar. Se algum escritor de ficção ou algum roteirista de cinema tentasse imaginar, descrever, criar Treblinka, creio que não conseguiria. A realidade que foi Treblinka é esmagadora, inimaginável para os padrões mínimos de civilização e, em vários momentos, pensei em parar a leitura; mas, vale a pena ir em frente e terminar o livro.

O primeiro ponto a esclarecer é a diferença entre campo de concentração e campo de extermínio.

Concentração: sistema de encarceramento dos vários "inimigos" do Estado nazista, tais como judeus, comunistas, homossexuais, ciganos etc. Estas pessoas eram obrigadas a trabalhos forçados em prol de várias empresas alemãs, e milhares morreram nesses campos. 

Extermínio: o objetivo único era matar, exterminar, principalmente os judeus.

segunda-feira, maio 14

Em Busca De Diamantes


Um rei tinha presenteado sua filha, com um belo colar de diamantes. O colar tinha desaparecido e as pessoas do reino procuraram por toda a parte sem conseguir encontrá-lo.

Alguém disse que um pássaro poderia tê-lo levado, fascinado pelo brilho. O rei então pediu a todos que voltassem a procurá-lo e anunciou uma recompensa de 500 moedas de ouro para quem o encontrasse.


Um dia, um rapaz caminhava de volta para casa ao longo de um lago ao lado de uma área muito degradada do reino. O lago estava completamente poluído, sujo e com um mau cheiro terrível. Enquanto andava, o rapaz viu algo brilhar no lago e quando olhou viu o colar de diamantes.