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quinta-feira, maio 31

Meu Amor Marinheiro


Tenho ciúmes, das verdes ondas do mar
Que teimam em querer beijar teu corpo erguido às marés.

Tenho ciúmes do vento que me atraiçoa
Que vem beijar-te na proa e foge pelo convés.

Tenho ciúmes do luar da lua cheia
Que no teu corpo se enleia, para contigo ir bailar

Tenho ciúmes das ondas que se levantam
E das sereias que cantam, que cantam p'ra te encantar.

Ó meu "amor marinheiro"
Amor dos meus anelos, não deixes que à noite a lua roube a cor aos teus cabelos

Não olhes para as estrelas. Porque elas podem roubar o verde que há nos teus olhos.
Teus olhos, da côr do mar.



Um grande presente na tarde de hoje, de minha estimada amiga Maria Esteves, desde O Porto!

sexta-feira, maio 25

Israel Vira Terra De Exílio Dos Refugiados Da Africa


É uma rua reservada para pedestres, imprensada entre as duas estações rodoviárias de Tel-Aviv. Agências de câmbio, lanchonetes que vendem "shawarma" (sanduíches típicos à base de carne), cabeleireiros especializados nos cortes de tipo "afro", e lojas de equipamentos de telefonia estão enfileirados numa extensão de 300 metros de asfalto em mau estado, numa rua coberta por embalagens gordurosas jogadas ali pelos usuários. Nesta área, não há nenhum surfista estilizado, e tampouco qualquer jovem executivo apressado. Invadido pela cacofonia das buzinas e pelos gases de escapamento dos microônibus, o bairro de Neve Sha'anan há muito foi desertado pela fauna antenada de Tel-Aviv. Aqui, vivem aqueles que foram deixados para trás pelo crescimento econômico israelense, os marginais de toda laia. E, num movimento que vem ocorrendo há um ano, também moram aqui milhares de refugiados, oriundos em sua maioria do Sudão e da Eritréia, os quais conferem a este lugar uma aura improvável de "Little Africa" (Pequena África).

Ismail Ahmed é um desses imigrantes recém-chegados. Este pai de família bonachão que aparenta ter 40 anos é um sobrevivente dos massacres do Darfur. Ele abriu no início de abril um pequeno cibercafé. Nele, as crianças sudanesas costumam reunir-se para intermináveis partidas de videogames on-line. À noite, Ismail dá aulas de inglês e de informática para os seus pais. À medida que ele vai sendo bem-sucedido, Ismail se prepara para renovar seu parque de computadores. Na vitrine do café, ele dependurou uma grinalda de bandeiras cunhadas com a estrela de Davi. Ele assim fez para expressar o seu profundo reconhecimento pelo seu país de adoção. As bandeirinhas são as testemunhas do percurso inesperado que ele efetuou no espaço de um ano.

Foi no dia 1º de julho de 2007 que Ismail pisou pela primeira vez o solo de Israel, junto com a sua mulher Halima e seus quatro filhos. "Faltavam quinze para as 11h da manhã, precisamente", diz. Após uma caminhada extenuante de sete horas pelo deserto do Sinai, a família havia conseguido enganar a vigilância das tropas egípcias e encontrar um caminho para transpor a cerca de arame-farpado que marca a fronteira com o Estado judaico. "Nós empreendemos a viagem a partir do Cairo, amontoados na traseira da picape do nosso passador beduíno; todos nós tínhamos um cobertor sobre a cabeça", conta Ismail. Após terem descansado durante 24 horas num acampamento a pouca distância da fronteira, e após terem enfrentado uma derradeira caminhada por uma trilha de cascalho, os refugiados avistam finalmente o alvo que tanto almejavam.

quinta-feira, maio 24

Adolpho Bloch


Toda trajetória de um dos maiores empresários que o nosso país já teve iniciou-se no dia 8 de outubro de 1908 em Jitomir, uma bela cidade russa banhada por seis rios e com uma população estimada naquela época em aproximadamente 100 mil habitantes. Naquele exato dia nascia Adolpho Bloch.

Em sua infância, Adolpho já convivia com as atividades comerciais. Sua família possuía uma litotipografia e uma fábrica de gelo em sua própria residência, inclusive a companhia de um tabelião, o qual o próprio Bloch devia muito a ele em sua maneira de ser. Mas a sua convivência não se restringia apenas aos serviços profissionais de sua família. Aos nove anos, Adolpho Bloch foi testemunha ocular da Revolução Russa, assistindo às diversas guerras, ao medo e ao pavor, razões levaram o então menino a se transformar em um adulto ainda naquela idade. Com o tratado de Brest-Litovsk, assinalando a paz entre a Rússia e a Alemanha, mais de dez milhões de soldados voltavam desordenadamente do front. Os habitantes de Jitomir, inclusive a família Bloch, foram brindadas com vários progroms promovidos pelo General Petliúra.

O primeiro pogrom do General Petliúra começou logo após a sua chegada a Jitomir, à frente de seu exército de cossacos, tão belos no palco, mas tão ferozes na vida real. A violência contra os judeus foi inaudita. A matança foi geral. Eram oito pessoas na sala da residência da família Bloch quando os cossacos surgiram, desembainhando seus sabres e exigindo ouro, jóias e objetos de valor como resgate da vida daqueles que se encontravam naquela sala. A mãe de Adolpho tinha apenas 45 anos de idade naquela ocasião e já estava preparada para a situação, entregando aos cossacos um porta-jóias. Ninguém foi massacrado naquele instante e local, onde o pequeno Adolpho quase não podia respirar de tanto ódio. E pensava: "se eu pudesse fazer faltar o ar, por um minuto que fosse, os cossacos morreriam e pagariam caro a violência que cometiam".

quarta-feira, maio 23

Adolpho Bloch - 2


Um impressor da oficina dos Blochs tinha um filho que era maquinista do trem que ia para Bieloie-Tserkvi. Ele se mostrou disposto a levar uma outra irmã de Adolpho, chamada Sabina, até lá a fim de trazer seis sacos de trigo. Tiraram as cortinas italianas do apartamento para fazer os sacos. Sabina sentou-se junto ao maquinista, na locomotiva que era a carvão. O trem apitava a cada dez minutos anunciando a partida, mas não saía do lugar. No fim de seis dias, ela finalmente recebeu a notícia de que o trem não ia partir. Voltou para casa com a cara suja de carvão, sem os sacos que lhe foram roubados e com os rins afetados, pois durante os seis dias ela não podia ir ao banheiro com medo de perder a viagem.

Os Blochs desceram na estação anterior à Odessa e foram em frente, até o rio Dniester, em um local onde havia grandes plantações de milho. E lá acamparam esperando o momento propício para atravessar o rio e atingir a Bessarábia. Em uma noite de luar ouviram cerrado tiroteio. Souberam depois que várias famílias que desejavam atravessar o rio haviam sido fuziladas. Veio um mensageiro que os alertaram do perigo. Deviam esperar uma noite de lua nova para tentar a travessia. Isso levaria muitos dias. A sede era horrível, embora a água estivesse a menos de 200 metros. Bebiam gotas, quando podiam.

Finalmente, atravessaram o rio Dniester em uma noite muito escura. Do outro lado os esperavam carroças de palha de milho. Homens barbados e experimentados, vestidos com camisas ucranianas bordadas no peito e nos pulsos, arrumaram-os na parte da frente das carroças, junto aos cavalos, em grupos de três ou quatro pessoas. Na fronteira, os guardas enfiavam enormes garfos na palha. Adolpho ouvia o barulho do ferro na palha mas estava longe, no outro canto da carroça. E assim chegaram a Dobreven, já na Bessárbia. Sairam felizes, com restos de palha nos cabelos e nas roupas. Entraram em um casebre pequeno, onde o chão era de terra batida. Foi ali que Adolpho conheceu a aramatchka iv joper lhubit lest, flor típica da região. E provaram um prato inesquecível, típico da Romênia: o mameligue (angu de fubá). Consagrou-se como um dos pratos mais deliciosos já comido por Adolpho Bloch, pois para ele representava o prato da liberdade. Ali permaneceram uns dias e depois rumaram para o porto de Galátz. Ficaram em um hotel perto do cais. Adolpho gostava de ver as enormes barricas de arenque que exportavam. Aquele região era muito rica.

terça-feira, maio 22

Adolpho Bloch - 3


Saindo de Gênova, um dia depois chegaram a Barcelona. Todos os passageiros podiam descer a terra, menos os de terceira classe. De lá, rumaram para Dancar. Foi a primeira vez que viu negros. Eram crianças simpáticas, falando francês. Os passageiros jogavam moedinhas na água e os garotos mergulhavam para apanhá-las, um espetáculo habitual que fazia parte das distrações da viagem.

Chegando ao Brasil, no início de 1922, a família Bloch instalava-se na cidade do Rio de Janeiro. De bagagem, trouxeram a saúde. Como riqueza, um pilão. Foram morar no Andaraí-Leolpoldo. Achava a cidade muito interessante. Vendia-se tudo na rua: peixeiros com suas varas apoiadas nos ombros, levando as grandes caçambas onde o peixe parecia ter saído naquele instante do mar. O dono do armazém logo oferecia o seu caderno de fiado (sem correção monetária) e as amostras de excelentes sardinhas Vasco da Gama, bacalhau, manteiga, era uma vida diferente. O padeiro, o homem do botequim, todos queriam ajudar. Só se pagava no fim do mês. Isso cativou os Blochs para sempre.

O Brasil se preparava para comemorar o Centenário da Independência e Adolpho freqüentava a Escola Francisco Cabrita, na Rua Major Ávila, perto da Praça Saenz Peña. A professoara chamava-se Carmem, achava-me muito grande e sabido para freqüentar aquela turma. Mal ela sabia que ele estava apaixonado por ela. E em muitas noites ela lhe vinha em sonhos.

Foram depois para a Rua Conselheiro Costa Pereira, 45, nos fundos da Fábrica de Tecidos Corcovado. Em frente passava um canal. A casa tinha uma sala e dois quartos pequenos. No verão, os Blochs costumavam dormir de janelas abertas. Eram, então 10 pessoas e uma empregada mineira, chamada Aurora, uma alma nobre. Obrigava-os a contar para ela os nossos sonhos para fazer sua fé no bicho. Jogando 200 réis ela podia ganhar 1.400. com isso ela fazia a feira, depois do meio-dia, omprando as xepas. À noite, o guarda-noturno apitava, apitava e uma de suas irmãs ia à janela e convidava-o a verificar o que podia ser roubado da casa onde viviam. O guarda ficou amigo da família e às vezes trazia coisas para alegrar o jantar. Ele os ensinou a usar luz sem pagar à Light. Bastava uma moeda de 400 réia que se colocava no lugar do fusível. De dia, retiravam a moeda. Para o fiscal da Light, diziam que quando tivessem dinheiro mandariam ligar a luz de novo. O problema eram as lâmpadas. Muitas vezes tiveram que trocar a lâmpada de um cômodo para outro, porque não tinham condições de ter três lâmpadas. Era luxo demais.

Adolpho Bloch - 4


Na Rua Dona Zulmira, que ficava perto, as batalhas de confete encantavam Adolpho Bloch. Cadeiras na calçada, luzes, as famílias ofereciam croquetes e empadinhas a todos, era uma festa para os olhos, o estômago e o coração. Já com a pequena renda da gráfica e participando da alegria geral, a família Bloch era muito feliz. Ao longo de sua permanência no Brasil, juntavam dinheiro para comprar as passagens que os levariam para os Estados Unidos. Mas a alegria de viver no Brasil foi tomando conta dos Blochs. Um dia, o dinheiro reservado para as passagens serviu para comprar o primeiro Ford Bigode da familia, no Mestre-Blatgé. E assim podiam participar das batalhas de confete e, durante o carnaval, do corso da cidade, que ia da Avenida até o Mourisco, no final de Botafogo. Sua irmã Sabrina casou-se. Depois foi a vez de Fanny. Casou-se com um homem muito bem de vida, pois tinha uma bicicleta para ir trabalhar. Levava-os uma vez por semana à Exposição do Centenário do Brasil, entrando pelos fundos da Rua da Misericórdia. Meses depois, descobriram que ele só os levava nos dias de entrada franca.

Foi lendo o jornal do bonde que Adolpho Bloch ia aprendendo o português. Só se falava no escândalo do colar oferecido pela Associação Comercial ao Presidente Epitácio Pessoa, que havia promovido as festas comemorativas do Centenário. Adolpho se perguntava: "Mas por quê? É a festa mais bonita que vi em minha vida e todos os jornais só falam no escândalo!".

Começou a freqüentar as redações dos jornais, em busca de encomendas. Em A Vanguarda, que bem mais tarde, com outro proprietário, seria um jornal integralista e anti-semita, tornou-se amigo de seus diretores Ozéas Serôa da Mota e Mazzini. A sua rotativa era em frente à Rua do Rosário, 170. Um dia apareceu um didadão português, chamado Oliveira, trazendo uma amostra de papel de seda para servir de invólucro de laranjas. Mazzini perguntou a Adolpho se ele seria capaz de imprimir aquilo. Adolpho ficou de estudar o assunto e conseguiu fabricar o papel de 18 gramas na Fábrica de Papel Companhia Mecânica de São Paulo. E comprou máquinas para imprimir naquele papel o mapa do Brasil. E assim pôde atender à freguesia dos exportadores de laranja: Alberto Coccoza, Karl Fisher, Oliveira & Irmãos e outros. Em menos de seis meses, tinham dinheiro para a primeira casa, na Rua 5 de Julho, 32, agora 82, em Copacabana. Foi construído pela Freire & Sodré e nela gastaram 180 contos de réis.

segunda-feira, maio 21

Adolpho Bloch - 5


Naquele mesmo ano, inaugurava-se a TV Tupi do Rio de Janeiro. A Rádio Nacional ainda era o principal veículo de comunicação do país. Foi nesse qudro que a Manchete surgia em abril de 1952. No início dos anos 50 foram lançadas grandes revistas em todo o mundo e Adolpho as acompanhava de perto. Costumava dizer que o princípio da ficliidade consiste em se trabalhar naquilo que se gosta - e ele gostava de trabalhar naquele ramo. O primeiro número da revista não o agradou, fazendo com que ele mesmo lutasse pelo seu melhoramento. Só começou a compreender um pouco do jornalismo quando do suicídio de Getúlio Vargas, em 1954. A capa já estava impressa, era do Brigadeiro Eduardo Gomes, tradicional adversário do presidente. Na manhã de 24 de agosto, uma terça-feira, quando Lourival Fontes telefonou para Adolpho para informá-lo sobre o suicídio, este teve de imprimir nova capa com o Presidente Vargas. À tarde, a edição foi para as ruas e à noite já estava esgotada. No ano seguinte, outra lição: Carmem Miranda morrera nos Estados Unidos e viria a ser sepultada no Brasil. O enterro foi em um sábado, com grande acompanhamento e muita emoção popular. Não podia haver dúvida: a capa da semana seria ela. Aconteceu que, no domingo à tarde, a boate Vogue pegou fogo. Dois homens, em desespero, atiraram-se do prédio onde funcionava a boate. A tragédia abalou o Rio e Adolpho teve que mudar a capa, trocando o enterro da Carmem Miranda pelo incêndio da Vogue. A edição se esgotou no mesmo dia.

Para reforçar cada vez mais o andamento de sua revista, Adolpho Bloch fez contratos com agências de fotografias no exterior e teve a oportunidade de cobrir os fatos mundiais. A qualidade do material fotográfico da própria Manchete deu muita vida à revista, que passou a ser conhecida internacionalmente. Nessa altura, o Parque Gráfico de Parada de Lucas ficara pronto e assim melhorariam a qualidade gráfica, aumentando, assim, a produção do semanário.

Depois da morte de Vargas, vieram as crises políticas de 1955. Havia muito assunto em todos os setores e as vendas aumentavam a cada semana. O ex-governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek, foi eleito presidente da República. Adolpho Bloch tinha muita simpatia por ele, mas não o conhecia ainda bem.

domingo, maio 20

Adolpho Bloch - 6


Em 1965, com o edifício já erguido mas não acabado, o Mauro Salles o pediu para ali fazer o lançamento do AeroWillys, pois a festa seria muito importante para a sua nova agência de publicidade. Bloch preparou o hall, que ainda estava em concreto. A porta era de tábuas, mas a decoração foi tão luxuosa que começaram a lhe chamar de Cecil B. DeMille. Mauro e Luiz Salles, seus grandes amigos, sempre se lembram desse lançamento que marcou época no Rio e foi o início da ascensão de suas carreiras profissionais.

Bloch mudou-se para a Praia do Russell em novembro de 1968. Na galeria do segundo andar, inaugurou o Museu de Arte Brasileira com quadros e esculturas dos melhores artistas nacionais. O museu serve de foyer para o teatro que hoje leva o seu nome e que foi inaugurado com a peça O Homem de La Mancha, com Bibi Ferreira, Paulo Autran e Grande Otelo, sob direção de Flávio Rangel. Foi um sucesso absoluto. Na matinê da primeira quinta-feira, como de hábito, a platéia era constituída de senhoras.

Caiu forte temporal na cidade e não havia condução para elas. Bloch mandou preparar sanduíches, serviu refrigerantes e providenciou carros que as levassem até em casa. Para ele, nunca foi visto pessoas tão gratas a um empresário teatral.

Bloch gostava tanto da peça que todas as quintas-feiras fazia gazeta e ia assistir à matinê. Aprendeu algumas falas e decorou a canção principal da peça. Certa vez, reparou em um caco de Grande Otelo. Em uma das cenas em que os mouros roubam tudo, o pobre Sancho Pança fica sem nada e ele disse para o público: "Além de ser Furtado, sou obrigado a ficar Callado!" Com esse inesperado caco ele homenageava dois amigos que estavam na platéia: o ex-Ministro Celso Furtado e o escritor Antônio Callado.

Adolpho Bloch - 7


Ele tinha a certeza de que JK era um grande homem e que seu lugar na história estava garantido. Adolpho editou suas memórias, apesar das muitas dificuldades que o governo de então colocou no projeto por ambos criado. Foram publicados os três volumes de suas memórias (A Experiência da Humildade, A Escalada Política e 50 anos em 5, além de um resumo dos três com o título Por Que Construí Brasília.). Posteriormente, Carlos Heitor Cony completou a série com JK - Memorial do Exílio. O governo liberaria a venda dos livros bem mais tarde. Assim, JK não viu a publicação dos dois últimos livros de suas memórias.

Ele freqüentava diariamente a redação de Manchete. Um dos editores, sabendo que ele estava a par de tudo o que se publicava, pediu-lhe que escrevesse resenhas de livros, garantindo-lhe um cachê de 100 cruzeiros a lauda. Ele aceitou o encargo, mas recusou o pagamento. O editor garantiu-lhe que, se não recebesse, a colaboração dele seria suspensa. E, assim, os últimos cachês que JK recebeu foram os de colaborador de Manchete. Assinou críticas de livros sobre economia, sobre ensaios e romances. Era com alegria que ele próprio juntava os recortes de suas colaborações.

Certa vez, Adolpho Bloch procurara o Dr. Israel Pinheiro, presidente da Novacap, dizendo-lhe que faria toda a propaganda de Brasília sem qualquer interesse comercial. À mesma época, a revista O Cruzeiro só publicava matérias pagas sobre a construção da nova capital. Dizia Bloch que desejava pagar ao governo o privilégio de divulgar a epopéia que estava se realizando no Brasil Central.

Em 1958, acompanhado de seu Dirceu do Nascimento, Adolpho Bloch foi procurar o Coronel Affonso Heliodoro, que lhe fez a entrega de numerosas fotografias da construção da cidade. Com elas, foi editada um número especial de Manchete, que esgotou 200 mil exemplares em apenas 24 horas.

A televisão ainda engatinhava e Bloch pensava: "Quantas pessoas estão sabendo o que se passa no coração do Brasil? 50, 100, 150 mil? E o restante dos 75 milhões de habitantes? (a população total do Brasil da época). Foi assim que Brasília e manchete cresceram juntas. Aquela meta, que o próprio JK denominava meta-síntese, fez a indústria de São Paulo funcionar a todo vapor. Os imensos canteiros de obras que se abriam em todos os estados ofereciam mercado de trabalho a todos e todos prosperaram.

sábado, maio 19

Adolpho Bloch - 8

Em sua juventude, Adolpho Bloch leu muito sobre o Caso Dreyfus. Quando lhe perguntam por que abraçou a causa do Presidente JK, costumava responder com o caso Dreyfus. É a história de uma injustiça. Para Bloch, que era judeu, estava habituado a sofrê-la. Por isso mesmo lembrava um caso. Em 1981, estava em Nova Iorque com Zevi Ghivelder. Bloch ia receber uma homenagem do American Jewish Committee. Ao entrarem em um táxi, o motorista lhes transmitiu a notícia que acabara de ouvir no rádio: o Papa João Paulo II sofrera um atentado em Roma e estava em grave perigo de vida. Zevi e Bloch não trocaram uma palavra. Ficaram mudos. Nada falaram, mas pensaram a mesma coisa: e se um judeu maluco fose o autor do atentado? Só respiraram, aliviados, quando souberam que o criminoso era um turco. O final da história é que tudo terminou bem, o Papa goza de boa saúde e, na cerimônia do lava-pés, na Quinta-Feira Santa, lavou os pés de seu quase assassino.

Foi nessa mesma estada em Nova Iorque que, durante uma reunião do American Jewish Committee, foi procurado pelo senhor Norman Alexander, que se apresentou como diretor da Rutherford Company. Bloch conheceu a firma, que estava fabricando máquinas para imprimir latas de alumínio sem costura para bebidas. Era então uma novidade, pois as latas que usavam no Brasil eram de folha-de-flandres e tinham costura. Conhecia a técnica e achou que seria um grande negócio investir no setor. Contudo, não quis fechar o contrato na hora. Disse que regressaria ao Brasil e depois voltariam a falar no assunto.
Quando aqui chegou, encontrou o projeto da televisão bastante adiantado. Ele não estava a par de quase nada. Era grato ao Presidente João Figueiredo, que lhes concedeu os cinco canais depois da necessária licitação pública. Dois anos antes, ele estivera na Itália e adquirira uma Cerutti de última geração, uma rotativa fabulosa, capaz de imprimir 42 mil exemplares por hora a quatro cores.

Pessoalmente, ele preferiria continuar investindo na editora, visitando exposições de maquinas gráficas, de livros, revistas e, com o tempo, concretizando o projeto de fabricar latas de alumínio, uma novidade no mercado brasileiro. Possuía em Água Grande instalações de 30 mil metros quadrados para a nova indústria, cujo ramo é parecido com aquele que sempre foi dele. Para isso, ele tinha recursos mais do que suficientes. Para iniciar a televisão, entre outros projetos, ele tinha de comprar de uma só vez 12 milhões de dólares em filmes que poderiam ser transmitidos apenas três vezes no espaço de dois anos. E em dois anos, os 12 milhões de dólares viraram fumaça.

Relutou consigo mesmo e custou-lhe a idéia da televisão. Mas quando aderiu, e seguindo o seu temperamento, foi para valer. Seu sobrinho Jaquito seguiu para os Estados Unidos e para o Japão, trazendo os equipamentos mais modernos. Aqui, com a sua equipe, começaram a viabilizar o projeto. Tinham cinco canais (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza), que estiveram acrescidas de dezenas de afiliadas que cobriam todo o território nacional.

O Órfao Vivo

Recordar os anos da minha juventude na União Soviética no início do Século Vinte traz de volta lembranças esparsas e imagens complicadas. Dentre elas, porém, há alguns quadros completos que estão gravados profundamente em minha mente.

Lembro-me daquela longa noite fria, quando acordei com o som de soluços. Mamãe estava de pé, chorando histericamente, enquanto abanava as mãos no ar. Papai estava de pé, meio vestido, completamente apavorado.

Três jovens vestidos em uniforme estavam andando pelo quarto, examinando os armários e as camas, olhando para as paredes. Vi quando se aproximaram da estante e examinaram cada livro, página por página.

Perguntei-me: O que estão procurando? O que estão procurando? O que eles querem? Vão se sentar e estudar nos livros como fazem mamãe e papai?

E então vi que tinham encontrado aquilo que estavam procurando. Acharam alguns pedaços de papel escritos à mão e uma foto do Rebe de Lubavitch [Rabi Yosef Yitschak Schneersohn, o sexto Rebe – N.E.].

Um apontou para o outro: “Está vendo? Este é Schneersohn!”
Ordenaram então que Papai se vestisse e os acompanhasse. Papai aproximou-se da minha cama, inclinou-se e deu-me um beijo longo, triste. Lágrimas – lágrimas quentes, escaldantes, rolaram pelo seu rosto e caíram na minha testa. Ele então olhou ardentemente para mamãe, com amor nos olhos. Beijou a mezuzá sobre o batente e desapareceu na noite escura.

Somente quando a porta se fechou foi que a minha mente infantil entendeu o quanto era grande a nossa tragédia.

Mamãe começou a chorar: “Oy vey!”

quinta-feira, maio 17

As Pedras No Cemitério



Desci do ônibus na rodoviária de Leicester e olhei para os táxis ali parados.

Minha velha cidade de Leicester não é mais a mesma. Agora é uma cidade assolada pelo crime, e eu estava me sentindo pouco à vontade.

Não disse a ele que desejava ir para o setor judaico. “Antes segura que arrependida”, sempre fora o meu lema.Entrei no táxi e pedi que me levasse ao principal cemitério de Leicester, não muito distante dali.

Por algum motivo nossa seção jamais tinha sido sinalizada, mesmo antes que a nova onda de antissemitismo surgisse. Talvez se presumisse que numa comunidade tão pequena todos soubessem onde era o cemitério sem precisar de informação. Atualmente o website da sinagoga tem um mapa bastante claro que pode ser consultado, dirigindo os visitantes de fora da cidade para o canto separado. Eu apenas disse ao motorista para estacionar o carro ao longo do caminho bem cuidado e esperar – eu demoraria cerca de meia hora, disse a ele, pois estaria visitando túmulos da família.

Enquanto percorria a trilha que levava ao setor judaico, sentia-me perfeitamente à vontade. O local não era estranho para mim. Fazia essa jornada pelo menos uma vez ao ano, quando venho de Jerusalém para visitar minha mãe em Londres.

quarta-feira, maio 16

Carta Para Alguém Que Perdi


Querida Filha,

Lembro-me de segurar você tão pequenina nos meus braços, olhando em seus profundos olhos verde esmeralda. Aqueles olhos eram profundos e brilhavam, antes de se fecharem para sempre.

Eu amei você, cuidei de você, noite e dia. Investi em você, e observei-a crescer à medida que os meses passavam.

Então, certa noite, após alimentá-la às cinco horas, coloquei você no berço pela última vez. Beijei-a e a cobri, e deixei a porta aberta para poder ouvir quando você me chamasse com seu chorinho.

Três horas depois, quando Tatty, seu pai, foi ver por que você tinha nos dado uma dose extra de sono, encontrou você fria. Morte no berço, é assim que chamam. Morte no berço...

Tentamos reanimá-la, fizemos de tudo para o seu pequenino ser. Demos choque em você e a medicamos, tudo, para que pudéssemos ter você conosco novamente, mas você já tinha ido embora para longe.

Sei que quando ficamos sobre o seu corpinho, esperando, esperando que algo acontecesse, você já estava envolta em uma luz intensa.

Estou contente por você. Sinto sua falta. Eu trouxe você ao mundo para ficar comigo, mas você teve de voltar para casa. Sei que é bom para você. Mas mesmo assim, meus braços estão vazios, e sinto e lembro de você com profunda saudade.

Você era minha filha.

terça-feira, maio 15

Amar




Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer, amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho,
e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor à procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor,
e na secura nossa, amar a água implícita,
e o beijo tácito, e a sede infinita.

Carlos Drummond de Andrade

When You're Gone


 The Cranberries performing When You're Gone. (C) 1996 The Island Def Jam Music Group

Eu Sou O Último Judeu



Muito já foi escrito e filmado sobre a 2ª Guerra Mundial e o Holocausto. Mesmo assim, vez por outra, aparece algo novo. No caso, refiro-me ao livro "Eu Sou o Último Judeu: Treblinka, 1942-1943", publicado pela Zahar. Se algum escritor de ficção ou algum roteirista de cinema tentasse imaginar, descrever, criar Treblinka, creio que não conseguiria. A realidade que foi Treblinka é esmagadora, inimaginável para os padrões mínimos de civilização e, em vários momentos, pensei em parar a leitura; mas, vale a pena ir em frente e terminar o livro.

O primeiro ponto a esclarecer é a diferença entre campo de concentração e campo de extermínio.

Concentração: sistema de encarceramento dos vários "inimigos" do Estado nazista, tais como judeus, comunistas, homossexuais, ciganos etc. Estas pessoas eram obrigadas a trabalhos forçados em prol de várias empresas alemãs, e milhares morreram nesses campos. 

Extermínio: o objetivo único era matar, exterminar, principalmente os judeus.

segunda-feira, maio 14

Em Busca De Diamantes


Um rei tinha presenteado sua filha, com um belo colar de diamantes. O colar tinha desaparecido e as pessoas do reino procuraram por toda a parte sem conseguir encontrá-lo.

Alguém disse que um pássaro poderia tê-lo levado, fascinado pelo brilho. O rei então pediu a todos que voltassem a procurá-lo e anunciou uma recompensa de 500 moedas de ouro para quem o encontrasse.


Um dia, um rapaz caminhava de volta para casa ao longo de um lago ao lado de uma área muito degradada do reino. O lago estava completamente poluído, sujo e com um mau cheiro terrível. Enquanto andava, o rapaz viu algo brilhar no lago e quando olhou viu o colar de diamantes.

sábado, maio 12

A Destruição Dos Judeus Da Romênia II



Com o Rei Carol II,  promulgando a nova constituição fascista de 1938, o clima social e político da Romênia mudou drasticamente. Todos aqueles que pudessem atrapalhar ou por em risco o reinado foram eliminados sumariamente. Assim, a Guarda de Ferro entrou na lista negra do monarca que não tardou a tomar medidas radicais.  

Corneliu Codreanu, o homem forte da Guarada de ferro foi preso, e pouco depois, em 30 de novembro, foi "baleado enquanto tentava escapar", na realidade, ele e vários outros membros da Guarda de Ferro, foram  algemados, colocados em um caminhão, em seguida, estrangulados e lançados no leito de uma estrada deserta no interior da Romênia.

No verão de 1940 a Romênia sucumbiu à pressão alemã e cedeu as regiões da Bessarábia, e parte da Bucovina para a União Soviética, o norte da Transilvânia foi dado para a Hungria, e Dobrudj, no sul para a Bulgária.

O anti-semitismo era agora ainda mais desenfreado do que antes da cessação. Casas de judeus foram saqueadas, lojas queimadas, e muitas sinagogas profanadas e arrasadas. Líderes da comunidade de Bucareste foram presos no edifício conselho da comunidade, enquanto os fiéis foram expulsos das sinagogas pela força.

A Guarda de Ferro nunca se recuperou totalmente da perda de Corneliu Codreanu, apesar da legião ter ganhado poder em setembro de 1940, muitos dos seus líderes mais carismáticos tinham abandonado as suas fileiras por diversos motivos. Em 6 de setembro, o rei Carol abdicou, e Ion Antonescu foi nomeado primeiro-ministro, formando o novo gabinete com o apoio de Horia Sima, que se tornara o comandante da Guarda de Ferro.

Antonescu estabeleceu uma ditadura conservadora e abraçou abertamente as potências do Eixo, declarou um Estado nacionalista-legionário na Romênia. Os membros da Guarda de Ferro passaram a intitular-se de "legionários" e "polícia legionária" foi organizada em linhas nazistas com a ajuda da SS. 

Seguiu-se um período de terrorismo anti-semita que durou sem parar por longos cinco meses. A Legião aumentou o nível de intolerância e adotou uma legislação anti-semita extrema e deu prosseguimento a uma campanha de pogroms e assassinatos políticos feroz.

sexta-feira, maio 11

A Destruição Dos Judeus Da Romênia I



A história judaica na Romênia foi registrada já no século II, quando o Império Romano tinha estabelecido o seu domínio sobre uma área de terra que era então conhecida como Dacia. Inscrições e moedas, bem como túmulos judaicos foram encontrados em lugares como Sarmizegetusa e Orsova.

O Anti-semitismo na Romênia começou por volta de 1579, quando o soberano da Moldávia, Petru Schiopul, ordenou a expulsão dos judeus alegando que estavam arruinando empresas comerciais estabelecidas, e por supostamente explorar a população cristã, a fim de enriquecer-se. A população judaica sefardita principalmente, em seguida, teve de suportar grandes dificuldades durante a guerra russo-turca em 1769-74. Eles foram massacrados e roubados de sua propriedade em quase todas as cidades e aldeias do país. Apesar destes primeiros pogroms, comunidades judaicas ainda conseguiram prosperar. O número de judeus na Transilvânia histórica saltou de dois mil em 1766, para 30.000 em 1880. Em 1825, a população judaica na Valáquia foi estimada entre 5.000 e 10.000 pessoas.

No Congresso de Berlim de 1878, que formalizou a independência da Romênia, as grandes potências fizeram da concessão de direitos civis aos judeus como uma condição para o reconhecimento da independência, apesar da oposição dos delegados romenos e russos. Após debates acalorados o parlamento modificou o artigo da constituição que tornou o cristianismo como fator obrigatório para a cidadania romena, mas afirmou que a naturalização de judeus seriam realizadas individualmente. Isso exigiu o voto de ambas as câmaras do parlamento, processo demorado e complexo.

No entanto, foi somente após a Primeira Guerra Mundial que uma legislação foi aprovada para emancipar os judeus romenos. Apesar da prevalência do anti-semitismo que abundava no país, judeus desempenharam um papel importante na transformação da nação, que ainda se caracterizava por um sistema feudal, para uma economia moderna e também foi uma comunidade muito ativa na vida cultural do país. A Romênia foi o berço do teatro iídiche. Ele também produziu muitos dos primeiros chalutzim* que se estabeleceram em Israel.

* chalutz ou Halutz  (hebraico): Um membro de uma organização de imigrantes israelenses em assentamentos agrícolas.  [Literalmente: pioneiro, lutador] Chalutzim = Plural de Chalutz

quarta-feira, maio 9

Ponte Chain - Budapest

Construída em 1849, a Ponte Chain, também chamada de Ponte das Correntes, com seus 375 metros, foi a primeira ligação permanente entre Buda e Peste, e é um dos símbolos mais reconhecidos da capital húngara.

Um par de leões foi adicionado em cada uma das bordas da ponte em 1852. Uma curiosa polêmica dá conta de que os leões esculpidos não têm língua, mas segundo as fontes oficiais, a língua foi esculpida, mas, no entanto não é comumente avistada pelo fato de que os observadores estão abaixo do nível das estátuas. 

Polêmicas acerca das línguas dos famosos felinos à parte, o fato é que a travessia da ponte é um dos passeios mais populares da cidade, tanto de dia quanto de noite, e proporcionam uma belíssima vista de todos os principais monumentos da cidade, e é claro, do Rio Danúbio, que pomposamente faz às vezes de avenida principal da bela capital húngara.

Digno de nota é o fato de que o rio encontra-se em ótimo estado: limpo, com peixes e muitas aves aquáticas mesmo no trecho urbano. É um ótimo exemplo de que o crescimento de uma metrópole não necessariamente deveria significar a degradação do ambiente.

Roberto Civita Não É Rupert Murdoch

A operação tem todas as características de retaliação pelas várias reportagens da revista das quais biografias de figuras estreladas do partido saíram manchadas, e de denúncias de esquemas de corrupção urdidos em Brasília por partidos da base aliada do governo.

É indisfarçável, ainda, a tentativa de atemorização da imprensa profissional como um todo, algo que esses mesmos setores radicais do PT têm tentado transformar em rotina nos últimos nove anos, sem sucesso, graças ao compromisso, antes do presidente Lula e agora da presidente Dilma Roussef, com a liberdade de expressão.

A manobra se baseia em fragmentos de grampos legais feitos pela Polícia Federal na investigação das atividades do bicheiro Carlinhos Cachoeira, pela qual se descobriu a verdadeira face do senador Demóstenes Torres, outrora bastião da moralidade, e, entre outros achados, ligações espúrias de Cachoeira com a construtora Delta.

As gravações registraram vários contatos entre o diretor da Sucursal de "Veja" em Brasília, Policarpo Jr, e Cachoeira. O bicheiro municiou a reportagem da revista com informações e material de vídeo/gravações sobre o baixo mundo da política, de que alguns políticos petistas e aliados fazem parte.
A constatação animou alas radicais do partido a dar o troco. O presidente petista, Rui Falcão, chegou a declarar formalmente que a CPI do Cachoeira iria "desmascarar o mensalão".

terça-feira, maio 8

O Dia da Grande Vitória



ANDREY BUDAEV

Nos dias 8 e 9 de maio, na Rússia, nos países da Europa, América e em todo o mundo civilizado comemora-se a festa da Vitória sobre o fascismo (1945)


No decorrer da Segunda Guerra Mundial, na sua luta contra o fascismo, o povo soviético teve apoio e assistência de outros países. A coalizão anti-hitlerista tornou-se um exemplo do esforço de países de diferentes ideologias e sistemas políticos no enfrentamento de um inimigo comum e mortal.
O núcleo da coalizão anti-hitlerista incluía, além da União Soviética, a Grã-Bretanha, a França e os Estados Unidos. A partir de 1943, da coalizão anti-hitlerista também fez parte o Brasil. A nação brasileira perdeu naquela guerra – sobretudo nas ações de combate nas frentes da Itália – 1.889 homens. Foram afundados 34 de seus navios e abatidos 22 de seus aviões.

O Mistério do Khazares


Um belo dia Bulan, rei dos khazares, teve um sonho no qual um anjo o exortou a deixar de ser pagão e adotar o Deus único.

Se assim fizesse, seus filhos gozariam de profunda benção, seus inimigos seriam derrotados e seu reinado duraria “até o fim do mundo”. O rei argumenta ao anjo que de coração seguiria seu conselho, mas seu povo tinha “mente pagã” e precisava da ajuda do príncipe em sua empreitada. O anjo então aparece para o príncipe em sonho e parece convencê-lo. A seguir o rei é novamente visitado pelo anjo em sonho, que dessa vez pede para que o rei construa “um local de adoração em que possa habitar o Senhor”. O rei informa ao anjo que não tem recursos para tanto. O anjo tranqüiliza o rei dizendo que ele deve conduzir suas tropas para um país inimigo, “onde o aguarda um tesouro de prata e outro de ouro”.

Com os tesouros em mãos e os pedidos do anjo satisfeitos, faltava agora adotar uma religião. O rei então mandou buscar um cristão e um muçulmano, já havia um judeu em sua corte. Depois de dias de debate dispersou os três e chamou-os separadamente. Ao cristão perguntou qual religião estaria mais próxima da verdade depois da sua, e o cristão respondeu que o judaísmo. Depois chamou o muçulmano e fez a mesma pergunta, e obteve a mesma resposta. Ao final, Bulan, o rei dos khazares converteu a si e a todo seu povo ao judaísmo.

segunda-feira, maio 7

As Banyas



“Fora da cidade eu consegui ver como os russos usam seus banhos. Apesar do muito frio, eles correram para fora do banho no quintal totalmente nus, vermelhos como lagostas cozidas, e pularam no rio que estava do lado. Após se resfriarem o suficiente, corriam de volta para o banho, mas antes de vestir-se, saíam correndo novamente e ainda por um longo tempo, brincando, corriam nus em meio ao frio e ao vento. Para banya os russos trazem vassouras de bétula com folhas e batem com elas em seu corpo, para melhor penetrar a quentura e os poros abrirem mais. Na Rússia todas as doenças tratam os três médicos.

O primeiro médico é a Banya Russa, sobre que acaba de ser escrito.
Em segundo lugar é a Vodka, na qual bebem como água ou cerveja, todos para quem permitem o saldo bancário.
E o terceiro é o Alho, qual os russos usam não só como tempero para todos os pratos, mas comem cru no meio do dia “.

Assim dizem as anotações salvas de um estrangeiro sobre uma viagem a Moscou. (13 de novembro de 1709).

O Papa Judeu



Durante o ano de 1086 o trono papal permaneceu vago. Depois foi eleito um novo Papa, que tomou o nome de Victor III. De sua origem, nada se sabia. Após um breve reinado de dois anos, desapareceu misteriosamente. O relato que se inicia, segundo uma crença bem difundida, refere-se ao Papa que foi aquele a quem chamaram “o Papa judeu”.

A antiga cidade de Mainz, nas margens do Reno, era célebre pelos grandes e santos rabinos que ali viviam. Há cerca de novecentos anos, residia lá um jovem erudito no Talmud e poeta religioso, que adquiriu grande notoriedade, tanto pela sua piedade e erudição, como por seus poemas religiosos. Chamava-se Rabi Shimon Hagadol (o Grande).

Certo dia em que se encontrava concentrado na composição de um novo poema, aproximou-se dele silenciosamente seu filho Elchanan, de quatro anos e viu o papel que se encontrava sobre a escrivaninha.
— Oh, papai! — exclamou o pequeno — escreveste meu nome no início de este poema!
— Sim, querido; este poema começa com as palavras: E-l Chanan Nachalató que significam: “D”us está cheio de graça para com seus filhos”. Observe, cada judeu tem parte na herança de D”us, e quando algum de nós se afasta de seu caminho, ou seja, quando se alheia da vida religiosa judaica, D”us em Sua grande misericórdia para com Seus filhos, os ajuda a retornar.

domingo, maio 6

Amor De Ostras



Uma ostra que não foi ferida, não produz pérolas.

Pérolas são produtos da dor; resultado da entrada de uma substância estranha ou indesejável no interior da ostra, como um parasita ou um grão de areia.

As pérolas são feridas curadas.

Na parte Interna da concha é encontrada uma substância lustrosa chamada Nácar.  Quando um grão de areia a penetra, as células do Nácar começam a trabalhar e cobrem o grão de areia com camadas e mais camadas, para proteger o corpo indefeso da ostra.

Uma Ostra que não foi ferida de algum modo, não produz pérolas pois as pérolas são feridas cicatrizadas.
·        Você já se sentiu ferido por palavras rudes de alguém?
·        Já pôs a sua confiança em alguém que lhe enganava?
·        Já foi acusado de ter dito e feito coisas que não disse e não fez?
·        Já foi traído a ponto de ver seus sonhos ruírem?
·        Você já sofreu os duros golpes do preconceito?
·        Já recebeu o troco da indiferença e,
·        de algum modo, sente-se injustiçado ou prejudicado por alguém?


Então,  produza uma pérola.
Cubra suas mágoas com várias camadas de amor.

Infelizmente são poucas as pessoas que se interessam por este tipo de movimento. A maioria aprende apenas a cultivar ressentimentos, deixando feridas abertas, alimentando-as com vários tipos de sentimentos pequenos e, portanto, não permitindo que cicatrizem.

Na prática, o que vemos, são muitas  ostras vazias.  Não porque não tenham sido feridas, mas, porque não souberam perdoar, compreender e transformar a dor em amor,

Eu lhe convido a refletir sobre isso.

Autor Desconhecido

sábado, maio 5

The Book, The Life, The Afterlife



Dos seis milhões de judeus assassinados no Holocausto o único rosto que conhecemos intimamente pertence a Anne Frank. 

Mas este é apenas o ponto de partida de Anne Frank: The Book, The Life, The Afterlife escrito pela romancista e ensaísta Francine Prose, um soberbo trabalho de história, biografia e crítica. Francine Prose tem algo de novo e importante a dizer acerca da jovem cujo diário foi simultaneamente celebrado e explorado, usado e abusado, e a autora rejeita a noção habitual de Anne Frank como “espevitada mensageira adolescente de paz e amor”. 

Em vez disso, Francine Prose aborda de forma corajosa a identidade judaica de Anne Frank, a sua sexualidade, as posições políticas da sua família e as suas ambições literárias — tudo distorcido, quando não meramente ignorado por todos os que têm usado e abusado do diário para seu proveito próprio. Acima de tudo, Francine Prose permite que olhemos para Anne Frank não apenas como uma vítima de um crime contra a humanidade, mas também como uma jovem escritora com um grande talento.

Indicação do Nuno Josué, na Rua da Judiaria.

A Vida Segue...


Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas.
Que já têm a forma do nosso corpo.
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos
mesmos lugares.

É o tempo da travessia.
E se não ousarmos fazê-la.
Teremos ficado para sempre.
À margem de nós mesmos.

Fernando Pessoa

Em Tempo

Havia aqui no Moshav uma postagem anterior, intitulada A Vida É Uma Só!

Nela eu publicava um poema, chamado Mude. Bem, na verdade eu não sabia que assim se chamava.

Ocorreu que o texto me foi enviado pela sempre simpática Ludmila, que colocou-o no corpo de um longo e agradável e-mail, quando alertava-me da necessidade que temos todos nós de mudarmos, ou iniciarmos mudanças em nossas vidas e no nosso viver. Pois bem, o poema acabou por me fazer conhecer o verdadeiro autor, o Sr. Edson Marques, que me contactou informando da autoria e muito cortês, observou da minha gravíssima falta ao ignorar os direitos do verdadeiro autor.

Decidi, após conversa com o Seu Benjamin, meu pai, retirar o post do blog. Não importa se publiquei de boa fé, se imaginava que aquelas palavras eram ou não da Ludmila - que costuma escrever coisas muito bonitas - importa sim, que o erro foi cometido ao não pesquisar mais a autoria de tão interessante poema.

Desde o início tenho procurado creditar a autoria daquilo que aqui é publicado, quando não o faço é por não ter a segurança da verdadeira autoria.

Em tempo, para quem desejar tomar conhecimento não só do poema, como da obra do Sr Edson Marques, recomendo adquirir o livro Mude, publicado pela Pandabooks, com prefácio de Antonio Abujamra, segundo informações do Autor.

Desde já peço sinceras desculpas pelo erro cometido e espero não ter causado nenhum aborrecimento ao Sr. Edson Marques.

quinta-feira, maio 3

O Pai Judeu



Um pai judeu, com a melhor das intenções, enviou o filho para o colégio mais caro da comunidade judaica. Apesar das suas intenções, Samuel não ligava às aulas.


Notas do primeiro mês:

Matemática 2
Geografia 3.5
Historia 1.7
Literatura 2
Comportamento 0

Estas espantosas classificações repetiam-se até que o pai se cansou:

- Samuel ouve bem o que te vou dizer, se no próximo mês as tuas notas e o teu comportamento não melhorarem, vou-te mandar estudar para um colégio católico.

No mês seguinte as notas do Samuel foram uma tragédia, só comparável e o pai cumpriu a sua palavra. Através de um rabino próximo da sua família, contactou com um bispo que lhe recomendou um bom colégio franciscano para o qual Samuel foi enviado.